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Regionalismo ou neorregionalismo?

Raimundo Carrero
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 17/02/2020 03:00 Atualizado em: 17/02/2020 09:03

O Regionalismo na literatura está de volta, com este conceito ou com outro: Neorregionalismo. Tudo começa com exemplar estudo acadêmico do professor Cristhiano Aguiar, com a colaboração da professora Sônia Ramalho, sob o título: O punhal e o Cajado - Francisco J. C. Dantas, Raimundo Carrero. Regionalismo, onde os autores procuram definir o conceito, a partir de Ortega y Gasset, percorrendo as três etapas do Regionalismo, conforme Antônio Cândido. O trabalho de Cristhiano e Sônia chama-se intérpretes Ficcionais do Brasil: dialogismos, reescrituras, Culturais e representações identitárias – edições Bagaço- 2010 - até chegar a este quarto momento, que o estudioso Herasmo Braga de Oliveira Brito chama de Neorregionalismo – nova tendência da literatura brasileira - Editora da Universidade Federal do Piauí – 2017 -, com base em obras consideradas decisivas para o novo caminho: (Coivara da Memória, Cartilha do Silêncio e Os Desvalidos), de Francisco Dantas, Sombra Severa e Somos Pedras que se Consmem), de Raimundo Carrero, (Dois Irmãos, Cinzas do Norte e Relato de um Certo Oriente) de Milton Hatoum, e (Galileia), de Ronaldo Correia de Brito.

Em princípio, o Regionalismo é divido e três grandes momentos: o Regionalismo Romântico do século 18, o Regionalismo chamado também Sertanista da virada do século 19 e o Regionalismo mais crítico e incisivo dos anos 1930, com forte crítica social, sobretudo com as obras de Jorge Amado e Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Raquel de Queiroz, com alguma coisa de José Lins do Rego.

Este regionalismo de 30 está fortemente marcado, sobretudo, por uma forte e incisiva crítica social no sentido de questionar o Brasil e a região. Tendência, aliás, reconhecida em toda crítica literária brasileira.

No Neorregionalismo, sistematizada por Herasmo Braga, além da crítica social, a combater toda injustiça, esta orientação reforça o quadro do regionalismo de 30, com o acréscimo da autonomia feminina, da mudança espacial, e a escritura memorialista como resistência.

O que se destaca, sobretudo, é que no quadro geral a obra destes autores se afirma para revelar o desenvolvimento da literatura brasileira reforçando a identidade do seu povo sempre em busca da consolidação literária, principalmente com justiça numa constante crítica social.

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