Editorial Nem um brasileiro a menos

Publicado em: 04/02/2020 03:00 Atualizado em: 04/02/2020 15:10

A nação suspirou aliviada com o anúncio do governo de resgatar brasileiros que se encontram em Wuhan, na China. A cidade, de 11 milhões de habitantes, é o epicentro do surto de coronavírus, que ameaça o mundo com pandemia cujas dimensões são imprevisíveis. Ali, mais de 360 pessoas perderam a vida em consequência do mal ainda pouco conhecido e cuja vacina está em desenvolvimento.

Durante dias se esperou a resposta do Palácio do Planalto, que relutava sobre a conveniência de tomar a iniciativa de trazer para o Brasil pelo menos 45 nacionais com risco de contaminação. Havia dúvidas sobre a eficácia e os custos da operação. As incertezas se dissiparam quando um vídeo viralizou nas redes sociais com o pedido de socorro de cidadãos que se encontram na região perigosa do país asiático.

Tomada a decisão, há que enfrentar outro problema. Trata-se da falta de legislação que regulamente o período de isolamento dos adultos e crianças que aqui desembarcarão. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, assegurou que o Congresso aprovará a matéria sobre o assunto com urgência urgentíssima. Rodrigo Maia lhe fez eco.

É importante que o façam para evitar delongas que poderão custar vidas. Não há necessidade de inventar a roda. Outros países dispõem de dispositivos legais que poderão nortear o texto a ser apreciado pelos parlamentares. Impõe-se, isso sim, tomar as providências para o acolhimento dos brasileiros que chegarão.

Há que prever o local da querentena, o desembarque e o transporte seguro do aeroporto para o isolamento. Estoque de remédios devem estar disponíveis e profissionais preparados para tratar dos eventuais infectados e prevenir que o mal se alastre. O coronavírus não dá aviso prévio. Contagia mesmo assintomático.

Em 1918, o Brasil enfrentou a gripe espanhola. A pandemia pegou o país desprevenido — sem leitos hospitalares e sem medicamentos disponíveis (o antibiótico foi descoberto uma década depois). O surto custou 35 mil vidas. Mais de um século depois, as condições são outras. O desafio: nem um brasileiro a menos.

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