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Resiliência climática do Recife

José Neves Filho
Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife

Publicado em: 30/09/2019 03:00 Atualizado em: 30/09/2019 09:09

Recife tem se destacado nas estratégias para enfrentar o desafio da crise climática há mais de seis anos. Colocar a cidade no caminho certo para o futuro é a principal premissa para construir resiliência em relação às mudanças climáticas a partir de um plano de ação eficiente que envolve a gestão pública e a sociedade civil de maneira participativa. Com base no Índice de Vulnerabilidade Climática, desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, os aspectos ambientais, sociais e econômicos identificaram áreas de maior vulnerabilidade e risco (hotspots) para a priorização de medidas concretas de adaptação, abordando as dimensões da sustentabilidade para que a cidade possa ser ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável em face dos eventos extremos. Entre os pontos de risco listados estão Inundação, Ondas de Calor, Seca Metereológica e Vetor de doença.

O desenvolvimento integrado e sustentável para o primeiro Plano de Adaptação Climática do Recife está sendo discutido como prioridade da gestão e levado em discussões com líderes de comunidades, grupo técnico multidisciplinar de gestores e o comitê municipal de mudanças climáticas para que, em novembro, o estudo seja lançado durante a Conferência Brasileira do Clima, na capital pernambucana. Há impactos ocorrendo agora, como a chuva que atingiu a cidade no dia 13 de junho com volume de 186 milímetros em 12 horas, o equivalente a 15 dias do mês de junho, em relação à média histórica para o período, que é de 389,60 milímetros. Durante a Conferência das Partes sobre o Clima (COP24) realizada na Polônia em dezembro de 2018, a Organização Mundial de Saúde lançou estudo deixando claro que os avanços das mudanças climáticas estavam causando problemas sérios de saúde. Este relatório mostrava que atingir as metas do Acordo de Paris poderia salvar cerca de um milhão de vidas por ano em todo o mundo até 2050, somente pela redução da poluição do ar.

A partir do Plano de Adaptação Climática serão indicadas medidas estruturais e não-estruturais que se baseiam em ecossistemas, para que possam ser realizadas com o objetivo de mitigar os efeitos do clima, levando em consideração a realidade e contexto da capital pernambucana. Dentre algumas ações discutidas para integrar o documento constam modernização das drenagens existentes, requalificação de habitações, campanhas estratégicas, revitalização de rios e canais e novas estratégias de agricultura urbana, já objetos de políticas públicas intersetoriais. A agenda do clima já está incorporada no cotidiano da cidade através dos dois Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Cidade divulgados pela Prefeitura do Recife: um relativo a 2012 e outro com dados de 2012 a 2015, assim como a Política de Sustentabilidade e de Enfrentamento das Mudanças Climáticas da cidade (Lei Nº 18.011/2014), que estabelece instrumentos para a implementação, em nível municipal, de ações sustentáveis e de enfrentamento ao fenômeno do aquecimento global.

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