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Educação e mídia: um diálogo urgente

Bruno R. Gueiros Barbosa
Mestre em Indústrias Criativas e doutorando em Comunicação

Publicado em: 01/08/2019 03:00 Atualizado em: 01/08/2019 09:29

Os educadores dessa década sabem que no mundo da experiência multitela a fonte de formação do ser humano está muito além da família e da escola. Com os mais jovens conectados por um tempo cada vez maior, as mídias sociais assumem uma parte importante na produção de significados e na disseminação do conhecimento. Nesse contexto, é urgente que as instituições do Estado e da sociedade civil se preparem para compreender o momento e reflitam sobre essa realidade.

Os extremismos, as “bolhas” e os esforços manipuladores presentes no ambiente digital tendem a criar medo – de pensar diferente dos demais, de ser excluído do grupo – e a reforçar intolerâncias – como agressões virtuais às quais são expostos os que têm opiniões ou comportamentos considerados dissonantes. Se a tríade ignorância, medo e intolerância formar definitivamente a nova geração, estamos perdidos. Principalmente porque as ações digitais se expandem e podem chegar rapidamente a escolas, empresas, casas, ruas. E quando a cultura democrática fica ausente desse encontro, os limites demarcados pelo respeito e pelo debate são desfeitos.

O saber, a capacidade de reflexão crítica e o exercício da empatia podem ser a chave para desarmar essa bomba. Apontar mazelas da sociedade contemporânea e efeitos nocivos dos sites e aplicativos de redes sociais não é suficiente. A busca pelo diálogo e a ênfase na dignidade humana são etapas difíceis, mas necessárias. Enxergar as potencialidades das tecnologias de comunicação, utilizar as novas ferramentas e incorporar a linguagem do presente são esforços essenciais à construção do conhecimento hoje. Aos educadores, há um desafio posto: despertar nos estudantes a consciência sobre uma cidadania guiada pela cooperação e pela solidariedade, encorajando o pensamento crítico e criativo.

Todo material que vise estimular esse aprendizado precisa ser bem pensado. Seja uma aula, um artigo, um livro, um vídeo ou um post, tudo deve ser interessante e de qualidade. Não há margem para a indiferença e para a repetição automática. A Unesco, por exemplo, defende que a alfabetização midiática e informacional deve estar inserida na formação das novas gerações. O futuro da democracia passa por incentivar a criança a pensar sobre como os meios de comunicação funcionam, sobre a lógica e os interesses que envolvem as plataformas, sobre as tentativas de manipulação do debate e sobre os riscos de reproduzir um comportamento negligente na sociedade digital.

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