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UNIÃO EUROPEIA

Líderes da UE se reúnem para discutir defesa do bloco e situação da Ucrânia

Para a UE, a Ucrânia precisa estar na posição mais forte possível antes, durante e depois das negociações para pôr fim à guerra

Publicado em: 20/03/2025 14:32

Mesa redonda dentro da sala de conferências usada pela Cimeira da União Europeia no Fórum do Edifício Europa, em Bruxelas (Foto: Ludovic MARIN/AFP)
Mesa redonda dentro da sala de conferências usada pela Cimeira da União Europeia no Fórum do Edifício Europa, em Bruxelas (Foto: Ludovic MARIN/AFP)
Os líderes da União Europeia estão reunidos nesta quinta-feira (20), em Bruxelas, para discutir a defesa e segurança do bloco e a situação da Ucrânia. O encontro deve se estender até amanhã.

A sessão sobre a Ucrânia marcou o inicio da cúpula do Conselho Europeu, na qual ficou acertada e aprovada com amplo consenso, com exceção do presidente húngaro, Viktor Orbán, a necessidade de continuar a apoiar o país política e militarmente. O acordo no texto aponta que a UE se compromete a defender a independência, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e que insta a Rússia a mostrar uma verdadeira vontade política para encerrar à guerra. Também admitiram aumentar a pressão a Moscou através de novas sanções e do reforço da aplicação das medidas existentes, num apelo que não foi subscrito pela Hungria, que continua contra o apoio a Kiev e é um aliado de Vladimir Putin.

Para a UE, a Ucrânia precisa estar na posição mais forte possível antes, durante e depois das negociações para pôr fim à guerra. "A UE e os seus Estados-membros contribuirão para o processo de paz e ajudarão a garantir uma paz justa e duradoura na Ucrânia, o que é do interesse tanto da Ucrânia como da Europa no seu conjunto", diz o documento.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participou por videoconferência da sessão, e relatou as mais recentes informações do conflito diante dos últimos ataques russos, os contatos com a administração norte-americana, os próximos passos para um cessar-fogo verificável e as negociações de um acordo de paz. Zelensky ainda acusou o presidente da Rússia de ter dificuldade em cumprir a palavra e pediu à UE que aumente a ajuda a Kiev, além de manter as sanções a Moscou.

O bloco europeu decidiu que contribuirá com 30,6 bilhões de euros para a Ucrânia em 2025.

A reunião da UE ocorre dois dias depois do presidente russo, Vladimir Putin, ter concordado com a proposta do líder norte-americano, Donald Trump, para que a Rússia e a Ucrânia cessassem os ataques as infraestruturas energéticas, mas não aceitou uma trégua completa de 30 dias.

"A Rússia não cumpriu o que foi acordado em Budapeste, não cumpriu o que foi acordado em Minsk I, nem em Minsk II, vamos ver se cumpre o que for agora acordado. O que verdadeiramente importa é uma paz justa e duradoura. Se é esse o caminho, ótimo. Esperemos que seja”, disse António Costa, presidente do Conselho Europeu, acrescentando que não basta um mero cessar-fogo.

Costa, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também apelaram ao reforço do multilateralismo e à defesa da posição da ONU no atual cenário internacional e garantiram que irão trabalhar juntos em momentos chave. “Neste mundo multipolar é cada vez mais importante reforçar os nossos sistemas multilaterais e a posição das Nações Unidas”, afirmou Costa.

A agenda da cúpula ainda traz a competitividade econômica para financiar as necessidades de investimento em defesa do continente. Em um contexto de crescentes ameaças e a mudança no apoio com a nova administração dos EUA, acelerar os investimentos em defesa se tornou parte essencial dessa estratégia no bloco europeu. Logo, serão debatidas as próximas medidas em matéria de defesa,  depois da Comissão Europeia já ter proposto um plano de rearmamento no valor de 800 bilhões de euros e apresentado um livro branco com medidas a serem adotadas até 2030, num momento em que a UE antecipa as ações para reforçar as suas capacidades militares diante dos desafios imediatos e futuros. Estima-se que a UE possa ter de gastar 250 bilhões de euros por ano, o equivalente a 3,5 % do seu Produto Interno Bruto (PIB), para a sua segurança num contexto de tensões geopolíticas. Atualmente, o bloco comunitário no seu conjunto agrupa cerca de 1,9% do seu PIB em gastos com defesa.

Além disso, outros assuntos em cima da mesa na reunião são os recentes desenvolvimentos no Oriente Médio, devido aos novos bombardeios israelenses em Gaza e a quebra unilateral por Tel Aviv da trégua com o Hamas, a gestão migratória e o multilateralismo.

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