Diario Econômico
Nova realidade
Apartamentos maiores de três e quatro quartos vêm perdendo espaço no mercado para unidades tipo estúdio e de até dois dormitórios
Por: Pedro Ivo Bernardes
Publicado em: 18/11/2023 06:00
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Cerca de 75% das unidades habitacionais comercializadas em Pernambuco têm até 59 metros quadrados (Gabriel Melo / Arquivo DP) |
O mercado imobiliário do Recife e Região Metropolitana está passando por um processo de rápida transformação, na esteira de mudanças comportamentais e demanda crescente por mais infraestrutura urbana, mobilidade, segurança e comodidade. A última edição do estudo da Brain encomendado pela Ademi revela algumas informações curiosas.
A primeira diz respeito ao tamanho dos apartamentos. Cerca de 3/4 dos imóveis vendidos têm até dois quartos, sendo que as habitações com apenas um quarto representam 35% das vendas. Em relação ao tamanho, a proporção segue a mesma. Aproximadamente 76% das unidades possuem até 59 metros quadrados (m²) e as com até 49 m² respondem por 43% das vendas. Para o presidente da Ademi-PE, Rafael Simões, esse recorte reflete uma mudança na sociedade, com pessoas casando e tendo filhos cada vez mais tarde, mas ainda é cedo para afirmar que esta é a nova tendência do mercado, já que depois de nascidos os filhos é natural que essas famílias procurem imóveis maiores.
Isso reflete também a diminuição das famílias e o envelhecimento da população, quando um apartamento de três ou quatro quartos termina ficando muito grande para as vovós e vovôs. Não por acaso, a média do metro quadrado de apartamentos com apenas um dormitório é de R$ 10,8 mil, superando os R$ 9,5 mil das habitações com quatro ou mais.
Migração da população
A população também tem preferido moradias mais afastadas dos grandes centros e, consequentemente, mais baratas e tranquilas. O trabalho remoto ou híbrido, herança da pandemia, também permite morar mais distante sem que isso signifique perder horas com o deslocamento. Ainda segundo o estudo, em seis anos o estoque de imóveis no Recife nunca esteve tão baixo, saindo de um total de 10,8 mil unidades em julho de 2017 para 4,2 mil em julho deste ano. Resta saber se essa redução é reflexo da queda populacional, como apontou o IBGE, ou da diminuição da oferta de imóveis.
Lei dos 12 bairros
Rafael Simões avalia também que a conhecida Lei dos 12 Bairros, que limitou o gabarito de prédios nas áreas mais verticalizadas, não resolveu o problema, apenas o transferiu para bairros vizinhos, como Casa Amarela, Tamarineira e Rosarinho; que viveram um boom de construção.
Como fica o Recentro?
Benefícios no IPTU, ISS e ITBI podem não ser suficientes para incentivar investimentos na área central da capital. Cidades como o Rio e BH já tentaram, mas só conseguiram após oferecer bonificações, como a flexibilização de coeficientes em outras áreas
Desafios do planejamento urbano
Embora o tema não seja tão comum no setor, mercado imobiliário, desenvolvimento urbano e mobilidade andam de mãos dadas. Há grandes grandes projetos previstos para a Zona Oeste do Recife, por exemplo, mas o estrangulamento das principais vias que ligam a região às Zonas Norte e Sul é um grande empecilho. O presidente da Ademi-PE defende mais investimentos no planejamento urbano, como o resgate da agência Condepe Fidem. Vale lembrar que apesar de ser a quinta menor capital do Brasil, é no Recife onde se gasta mais tempo com deslocamento.
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