Músixa

O protagonismo feminino de Duda Beat e Letrux no MECABrennand

A pernambucana Duda Beat e a carioca Letrux foram as atrações mais aguardadas no Festival MECA, que já acontece há oito anos em diferentes cidades do Brasil e chegou ao Recife, no sábado (22)

Publicado em: 23/09/2018 14:04 | Atualizado em: 24/09/2018 19:02

Letrux e Duda Beat cantam juntas o hit Que estrado, da cantora carioca - Foto: Salamandrine/I Hate Flash
 
Duas mulheres foram protagonistas de uma noite dedicada à música e à arte, no último sábado (22). A pernambucana Duda Beat e a carioca Letrux foram as atrações mais aguardadas no Festival MECA, que já acontece há oito anos em diferentes cidades do Brasil e finalmente aportou no Recife. O lugar escolhido para sediar o evento não poderia ser mais apropriado. A Oficina de Cerâmica Francisco Brennand recebeu, em meio às suas esculturas e uma enorme mata atlântica, centenas de jovens que curtiram 12 horas de festa.

Em entrevista ao Diario, Duda Beat comentou sobre a felicidade de estar de volta à terra natal pela primeira vez como artista. Há 13 anos, ela mora no Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira como cantora. “Quantas vezes eu vim aqui passar férias, sofrendo por pessoas, agora eu estou de volta, mostrando meu trabalho e sendo tão bem recebida, com todas as pessoas cantando minhas músicas. Minha família na plateia, foi bem emocionante. Foi perfeito”.
 
Pernambucana Duda Beat cantou músicas do seu primeiro álbum, Sinto Muito - Foto: Helena Yoshioka/Divulgação
 

A cantora se mudou do Recife para o Rio, assim que acabou o ensino médio, aos 18 anos. Tentou vestibular para Medicina por sete vezes até se entregar de vez à música, que já fazia parte da sua vida desde adolescente. Ela cantava num coral da igreja e com as amigas na escola. Mas até perceber que o seu destino era fazer da arte a sua profissão foi um longo processo. Durou várias desilusões amorosas e um retiro espiritual que durou dez dias de silêncio. “Após essa experiência, senti que deveria tomar esse lugar pra mim”, revela.

Duda mistura vários ritmos, criando músicas com uma sonoridade única. Ela junta batidas de tecnobrega, reggae, axé e pop com letras que falam de sofrimento amoroso. Composições que ela escreveu durante anos e lançou no seu álbum de estreia, Sinto muito. Antes disso, já havia feito participações no primeiro disco de Castello Branco, Serviço, de 2013 e com Letrux no álbum Letrux em Noite de Climão, de 2017. 

Letrux, nome artístico de Letícia Novaes, subiu ao palco do MECABrennand às 23h30. Esse foi o terceiro show da carioca em Pernambuco, desde janeiro, quando se apresentou no festival Guaiamum Rural, em Aldeia, Região Metropolitana do Recife. Também em conversa com o Diario, ela revelou que o público poderia esperar uma performance diferente dos outros shows, uma vez que “são momentos distintos, outros mapas astrais e um momento político dramático”. 
 
A carioca Letrux foi a última atração antes dos DJs que fecharam a noite - Foto: Salamandrine/ I Hate Flash
 

No palco, ela fez manifestações de repúdio ao candidato à presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro e lembrou a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco. Marielle era militante dos Direitos Humanos e foi assassinada em março deste ano. Há seis meses que o caso não tem respostas. 

Letrux e toda a sua banda se apresentaram de vermelho. Segundo ela, a cor, além de significar “paixão, drama e amor”, tudo sobre o que fala o seu disco, é também uma questão política. “Sair de vermelho, sendo PT ou não, virou um statement”, fala a cantora em relação às manifestações de 2016 pró-impeachment, em que as cores verde e amarela eram usadas pelos que pediam o afastamento da então presidente Dilma Rousseff. “Historicamente, o vermelho é uma cor que simboliza a esquerda e desde o início da turnê a gente se manifesta (politicamente). Mas agora (período de eleições) é a hora”, completa.

Todas as músicas do álbum Letrux em Noite de Climão. Além delas, Letrux adicionou ao seu repertório, o clássico Ray of Light, da Rainha do Pop, Madonna, que completou 60 anos em agosto. Para cantar o hit Que estrago, ela chamou Duda Beat ao palco, que participou como back vocal na gravação da música.

No fim, pode-se dizer que o MECABrennand exaltou grandes mulheres, dando a elas o protagonismo necessário num período em que cada vez mais se questionam os privilégios masculinos na sociedade. Mulheres que não têm medo de expor suas emoções e desejos através da música. 
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