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Música Dez anos após último disco, Los Hermanos lota show em Pernambuco e traz Anna Julia de volta aos palcos Grupo carioca entoou hits lançados entre 1999 e 2005 durante duas horas de show, no Classic Hall

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/10/2015 11:20 Atualizado em: 04/10/2015 20:26

Os integrantes do Los Hermanos falaram pouco, mas tocaram durante duas horas. Foto: Brenda Alcântara/DP/DA Press
Os integrantes do Los Hermanos falaram pouco, mas tocaram durante duas horas. Foto: Brenda Alcântara/DP/DA Press

O fim da banda Los Hermanos nunca chega, realmente, ao fim. Desde o anúncio da interrupção nas atividades do grupo, em 2007, várias capitais do país têm testemunhado a reunião de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba novamente nos palcos. Em 2010, o Nordeste recebeu quatro shows do grupo e, em 2012, integrou o roteiro de uma segunda turnê pós-encerramento, quando os 12 shows inicialmente agendados se transformaram em 25 e os rapazes percorreram o Brasil. Neste ano, após se apresentarem em comemoração aos 450 anos do Rio de Janeiro, onde tudo começou, decidiram engatar nova turnê. Recife foi a segunda capital da rota - iniciada em Belém (PA), na última sexta-feira (02) - e recebeu o quarteto no Classic Hall, em Olinda, Grande Recife, neste sábado (03).

Camelo, Amarante, Medina e Barba subiram ao palco, discretos, às 23h35. Boa parte dos fãs, porém, os esperava desde as 19h, quando os portões da casa foram abertos. No sábado (03) pela manhã, muitos já se aglomeravam em fila na entrada do Classic Hall a fim de trocar os ingressos comprados pela internet. O horário de troca, que se estenderia até o meio-dia, foi prorrogado para que todos fossem atendidos. No momento do show, cambistas não possuíam muitas entradas para ofertar. Ao contrário, ofereciam lances pelos bilhetes dos desistentes - sem sucesso. Segundo informações da assessoria do evento, os ingressos se esgotaram ao longo do dia. O congestionamento de carros na Av. Agamenon Magalhães e a aglomeração de centenas de pessoas nos arredores do Classic Hall denunciavam que o show seria disputado. E foi.

A conhecida O vencedor abriu o repertório que se estendeu por duas horas, com poucas interrupções para cumprimentos e elogios pontuais à interação da plateia. Amarante e Camelo, especialmente este último, eram os porta-vozes do grupo, que não é de falar muito. O primeiro "Oi, gente!" veio após três músicas, ao fim de Além do que se vê, cantada em uníssono pelos fãs. Com smartphones em punho e mãos para cima, eles co-protagonizaram a noite, como de costume. Sabiam todas as letras decoradas, aplaudiam cada fala dos ídolos, ainda que fossem escassas, e pediam por Pierrot, sucesso que encerrou a noite, à 1h30 da madrugada deste domingo (04). Cara estranho, Retrato pra Iaiá, Todo carnaval tem seu fim, O vento, Sentimental, Morena, Descoberta, Tenha dó, A flor, Outra e O velho e o moço também entraram no setlist, que contemplou produções lançadas entre 1999 e 2005, ano do último disco da banda, 4.

Amarante e Camelo eram os mais interativos no palco, mesmo com poucas palavras. Fotos: Brenda Alcântara/DP/DA Press
Amarante e Camelo eram os mais interativos no palco, mesmo com poucas palavras. Fotos: Brenda Alcântara/DP/DA Press
Anna Julia foi um momento à parte, ápice da noite. O primeiro sucesso comercial do rock alternativo do Los Hermanos, sempre carregado de iguais quantidades de nostalgia e euforia, não era esperado. Não foi tocado em Belém (PA), na noite anterior, mas ganhou aura de um presente, um mimo aos fãs pernambucanos - o hit havia sido tocado por aqui em abril, durante show de Marcelo Camelo com Malu Magalhães e Fred Ferreira, da Banda do Mar, no Baile Perfumado, Zona Oeste do Recife. O vínculo do grupo com o estado é antigo: foi no réveillon do Recife, em 2006, que o Los Hermanos encerrou a turnê de divulgação do último álbum de inéditas, quando o anúncio do fim do grupo se aproximava. "Galera, falando sério, sem brincadeira. A gente ensaia, mas a gente não para de se surpreender com vocês. Que noite incrível!", disse Camelo, antes da sequência de despedida - Adeus você, Anna Julia, Quem sabe e Pierrot. Surpreendeu e foi ovacionado, após duas horas de cumprimentos esporádicos como "maravilha", "belezura" e "obrigado" disparados pelos companheiros.

Os artistas, individualmente, ganharam destaque com suas performances. A estrutura em LED com 26 metros - ideia eficaz de Batman Zavareze, diretor de arte do show, e do arquiteto Marcelo Lipianimontada, que assina o cenário - como background do palco proporcionava o foco em detalhes de cada um deles, como os dedilhados ao violão e as expressões dos rostos. "Viva o Barba!", disse Amarante após o solo de bateria do colega em Deixa o verão. O jogo de cores nas telas, em alguns momentos monocromáticas, denotavam o caráter mais melódico ou mais carnavalesco - as influências das marchinhas cariocas estavam lá - de cada música. Morena, por exemplo, o momento mais intimista da noite, foi cantada com os telões apagados.

Camelo se declarou a Pernambuco e o público ovacionou. Foto: Brenda Alcântara/DP/DA Press
Camelo se declarou a Pernambuco e o público ovacionou. Foto: Brenda Alcântara/DP/DA Press

À exceção das filas no acesso ao banheiro feminino e do calor habitual da aglomeração na pista da casa de espetáculos, estavam todos confortáveis, sem tumultos. Água, refrigerante e cerveja eram vendidos dentro do local. Na saída, foi preciso paciência para cruzar os portões em meio à multidão que migrava em retirada e para enfrentar o congestionamento de táxis na avenida. Mas poucos pareciam se importar: o público chegou à rua cantando trechos dos hits preferidos da noite. DVDs eram vendidos no comércio informal por R$ 10, enquanto os fãs se despediam da noite e já se perguntavam, como sempre fazem, se (e quando) haverá o próximo show.

>> Confira o setlist da noite:
O Vencedor
Retrato pra Iaiá
Além do que se vê
Todo carnaval tem seu fim
O vento
Cadê teu suín?
Do sétimo andar
Samba a dois
Cara estranho
Pois é
Morena
Um par
O velho e o moço
A outra
Paquetá
Sentimental
Primeiro andar
Tenha dó
Descoberta
Deixa o verão
De onde vem a calma
Conversa de botas batidas
Último romance
A flor
Adeus você
Anna Julia
Quem sabe
Pierrot




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