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Foto: Marina Torres/ DP |
O Subcomitê de Atenção às Pessoas Idosas do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) promoveu, nesta quarta-feira (26), a palestra “Falar de Etarismo é Falar de Futuro”, no Cais do Apolo, no Recife.
O evento contou com a apresentação da neuropsicanalista Michelle Villanova, especialista em desenvolvimento humano, que abordou os impactos do preconceito etário na sociedade, especialmente no mercado de trabalho e na saúde mental da população idosa.
“O Brasil está ficando prateado, um país que está amadurecendo, que não é mais composto de tantos jovens. Nossa sociedade precisa ter um olhar diferente porque as pessoas estão envelhecendo e o nosso Brasil não está pronto para esse envelhecimento”, destacou Michelle.
O Brasil que envelhece
Estudos indicam que o envelhecimento da população brasileira ocorrerá de forma acelerada nos próximos anos. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 40,3% dos brasileiros serão idosos em aproximadamente 90 anos.
Para a neuropsicanalista, esse crescimento não tem sido acompanhado por políticas públicas adequadas para inclusão dessas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho.
Essa falta de planejamento causa desafios significativos. Para muitos, a aposentadoria representa o fim da vida produtiva, quando, na realidade, há um grande potencial para o desenvolvimento de novas habilidades, carreiras e lazer.
“Quando um idoso se aposenta, para muitos é como se a vida tivesse terminado, mas ainda há um terço da vida para aproveitar. Tantas pessoas que se descobrem atletas e descobrem outros hobbies. É fundamental que haja uma mudança nesse pensamento majoritário”, reforçou a palestrante.
![Michelle Villanova, neuropsicanalista (Foto: Marina Torres/ DP) Michelle Villanova, neuropsicanalista (Foto: Marina Torres/ DP)]() |
Michelle Villanova, neuropsicanalista (Foto: Marina Torres/ DP) |
Mercado de trabalho
Durante o evento, Michelle Villanova ressaltou que entre os problemas do envelhecimento, está o preconceito etário, que tem reflexos diretos na empregabilidade dos idosos.
Uma pesquisa realizada pelo Grupo Croma, com base nos dados da Oldiversity®%uFE0F, revelou que 86% da população acima dos 60 anos já enfrentou preconceito ao tentar se manter ou se recolocar no mercado de trabalho.
Esse problema não afeta apenas os mais velhos. Profissionais com mais de 50 anos também encontram dificuldades para se reinserir no mercado, como aponta um estudo da consultoria de recrutamento Robert Half: 70% das empresas contratam pouco ou quase não contratam profissionais acima dessa idade. Como resultado, esse grupo representa apenas 5% dos trabalhadores ativos no país.
Durante a pandemia da Covid-19, esse cenário se agravou. O Ipea estima que, entre o final de 2019 e o ano de 2020, aproximadamente 800 mil profissionais idosos foram demitidos ou ficaram desocupados e à procura de trabalho.
Além da dificuldade de conseguir emprego, “a falta de políticas públicas voltadas para esse público reforça a sensação de invisibilidade. Não temos políticas necessárias para trazer essas pessoas para o mercado de trabalho. Ações para ajudar com lazer, como eventos, atividades, cafés, são essenciais para garantir qualidade de vida e inclusão”, pontuou a palestrante.
Saúde Mental
“O etarismo não afeta apenas a vida profissional, mas também a saúde emocional e mental da população idosa”, disse a psicanalista. Segundo ela, muitas pessoas nessa fase da vida se sentem invisíveis e descartáveis, enfrentando cobranças sobre a “idade certa” para realizar determinadas conquistas, como ser bem-sucedido ou ter filhos.
“Nosso corpo é um sistema. Mente e corpo trabalham juntos”, explicou a neuropsicanalista, ressaltando que muitas vezes sintomas de tristeza podem estar relacionados à falta de suplementação adequada.
Ideia da palestra
Michelle Villanova, de 49 anos, é neuropsicanalista, integrativa clínica, escritora, mestre em Gestão pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e especialista em desenvolvimento humano.
Entre uma opinião e outra, Michelle Villanova também compartilhou a motivação que a levou a se aprofundar no tema. “Eu atendia muitos adolescentes que perguntavam se eu poderia atender seus avós ou tias, pois notavam sintomas de tristeza neles. A partir desse momento, comecei a atender e construir com eles um novo planejamento de vida.”