Jaboatão dos Guararapes

Casal de mães procura polícia e alega que filha teria sido obrigada a participar de evento de Dia dos Pais em colégio

A estudante de 9 anos é filha de duas mães e teria chorado durante a apresentação de Dia dos Pais por se sentir constrangida

Publicado em: 14/08/2024 11:35 | Atualizado em: 14/08/2024 11:55

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que registrou a ocorrência no dia 12 de agosto, por meio da Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente (Foto: Marlon Diego/ArquivoDP)
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que registrou a ocorrência no dia 12 de agosto, por meio da Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente (Foto: Marlon Diego/ArquivoDP)
Uma estudante de 9 anos de um colégio particular localizado no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, teria sido obrigada a participar da festa de Dia dos Pais, mesmo sendo filha de duas mães. O caso aconteceu na última sexta-feira (9) e foi parar na polícia.

A mãe da menina, a jornalista Maia Morais, contou ao Diario de Pernambuco que soube da situação através da mãe de um outro aluno. Maira foi comunicada que a filha dela chorou bastante durante a apresentação e que foi consolada por um colega de classe, que insistiu para saber como a menina estava depois do ocorrido.

Durante a apresentação, a aluna teria ficado desconfortável por não ter nenhum parente na plateia e chorou. Ela também foi acalmada por uma das mães que estava na plateia, a farmacêutica Anna Cristina Ático. Em seguida, uma profissional da instituição de ensino teria dito para a estudante sair da plateia e tirar uma foto com os outros alunos e seus respectivos pais. No registro, a criança saiu ao lado da professora.

Ao sair da escola após a apresentação de Dia dos Pais, a menina teria sido questionada pela mãe sobre como havia sido o dia, mas a aluna não relatou o caso.

“O protocolo que acontece normalmente no Dia dos Pais com a criança que não tem pai, por ter uma composição familiar diferente, por não ter o pai no registro, pelo fato de estar trabalhando ou ter um pai falecido, é que essas crianças fiquem em sala de aula, sendo assistida por uma outra professora, enquanto a atividade acontece. Isso porque depois que terminar a apresentação, os alunos retomam para sala de aula para continuar no ano letivo, já que a apresentação acontece no horário escolar”, explica a jornalista Maira Morais.

Quando soube da situação, Maira contou o ocorrido para a companheira, que foi na escola para entender o que havia ocorrido, mas as professoras do período da tarde teriam dito que não sabia de nada. Neste momento, uma das profissionais do colégio teria informado que aquele se tratava de um local “tradicional”.

Diante disso, as mães decidiram registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, juntamente com a filha e Anna Cristina, testemunha do caso.

“A gente prestou depoimento na segunda-feira. Nós prestamos o Boletim de Ocorrência até para nossa se sentir também protegida e entender o que é o direito dela e o que ela passou e ter coragem de dizer”, relatou Maira Morais.

De acordo com ela, o caso foi registrado com base no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que caracteriza como crime "Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento".

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que “registrou a ocorrência no dia 12 de agosto, por meio da Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente. O fato aconteceu em um estabelecimento de ensino particular situado no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. As investigações foram iniciadas e seguem em andamento até a completa elucidação dos fato”.
 
O Diario de Pernambuco entrou em contato com a instituição de ensino e aguarda retorno.