Por uma economia regeneradora

Sérgio Xavier
Coordenador dos Projetos Governadores pelo Clima e HidroSinergia, no Centro Brasil no Clima - CBC e ex-secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

Publicado em: 27/09/2021 03:00 Atualizado em: 27/09/2021 06:03

Modelos econômicos podem devastar, poluir, excluir e matar, mas também podem recuperar, despoluir, reciclar, proteger, incluir e salvar.  A decisão é nossa.

O Brasil, a humanidade e o planeta estão muito doentes. Desmatamentos, queimadas, gases-estufa, mudanças climáticas, pandemia, desemprego, misérias, violências, ignorâncias e degradação política são graves sinais de falência múltipla de órgãos.  

Inúmeras crises interligadas e crônicas indicam que o modelo civilizatório que nos trouxe até aqui não nos garante um futuro promissor. Portanto, é urgente mudar paradigmas: sair da energia fóssil para as fontes renováveis; desenvolver a bioeconomia com florestas vivas e comunidades protegidas; interconectar dimensões sociais, ambientais e econômicas das políticas públicas com planejamento sistêmico; saltar da produção linear, geradora de resíduos poluidores, para cadeias circulares, com lixo zero, integrando processos industriais e agropecuários com os ciclos biogeoquímicos naturais.

Impulsionar regeneração socioambiental e descarbonização, com processos, tecnologias e energias limpas - e reduzir desigualdades com capacitação para empregos verdes, são formas sustentáveis e inclusivas de reativar a economia e superar as complexas crises atuais, como a hidroenergética (rios secos sem gerar energia nas hidrelétricas), que já chegou na conta de luz, elevou a poluição das caras termelétricas e ressuscitou a inflação e o risco de apagões.

Nesta terça (28) avançaremos neste rumo, realizando encontro internacional da coalizão Governadores Pelo Clima (25 governadores em defesa de políticas climáticas) e Projeto HidroSinergia (que propõe políticas interconectadas de energia, água, reflorestamento e inclusão). Iniciativas do CBC - Centro Brasil no Clima em parceria com iCS – Instituto Clima e Sociedade, GIZ - Agência Alemã de Cooperação Internacional e União Europeia, no âmbito das Parcerias Estratégicas para a Implementação do Acordo de Paris (SPIPA, em inglês), com participação ativa de governadores e secretários de meio ambiente.

O HidroSinergia articula parcerias para apoiar 4 eixos interligados: (1) Expansão das energias renováveis, fortalecendo a economia do semiárido (usinas solares e eólicas são indústrias sem água); (2) Reflorestamento e regeneração hidroambiental do São Francisco, aumentando segurança hídrica (com mais energia solar e eólica as hidrelétricas ficam em reserva, acumulando água na bacia); (3) Desenvolvimento da cadeia produtiva do Hidrogênio Verde para substituir combustíveis fósseis (o NE reúne excelentes condições para produção, aplicação e exportação desse combustível, obtido na separação do H2 do O da água, usando energia renovável, e que emite apenas vapor d’água em vez de poluentes); (4) Redução de desigualdades, planejando capacitações para acesso a empregos verdes no interior.   

O encontro discutirá a construção de um plano colaborativo que envolve os 11 estados do semiárido (NE + ES e MG). Participam: os governadores Paulo Câmara (PE), Renato Casagrande (ES), Rui Costa (BA), o embaixador da União Europeia, Ignacio Ybáñez; o senador Jacques Wagner, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado; os secretários de Meio Ambiente José Bertotti (PE), Marcia Telles (BA), Artur Bruno (CE) e Fabrício Machado (ES); a coordenadora da Parceria Energética Brasil-Alemanha, Kristina Kramer (GIZ); o coordenador de Energia do iCS, Roberto Kishinami, e o diretor executivo do CBC, Guilherme Syrkis.

Após séculos de uma economia degradadora e excludente é hora de inventar uma economia regeneradora e inclusiva. Para salvar o futuro, precisamos curar o presente.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL