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Editorial Erros e acertos

Publicado em: 01/04/2020 03:00 Atualizado em: 01/04/2020 09:17

Errar é humano. Erra-se e se avança. Talvez se erre de novo. Mas será um erro diferente. Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica, disse ter tentado 10 mil vezes para desenvolver o acumulador. Quando uma não dava certo, ele partia para outra. Ao atingir o objetivo, ensinou: “Não fracassei ao tentar. Simplesmente encontrei 10 mil maneiras que não funcionam”.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, talvez tenha se inspirado no conterrâneo cientista para fazer o pronunciamento de domingo. Assessorado pelo epidemiologista Anthony Fauci, anunciou que as medidas de distanciamento social serão estendidas até 30 de abril. Ao pedir a colaboração de todos, explicou ser essa a forma até agora exitosa para controlar o avanço do coronavírus no país.

Na semana anterior, ele havia proposto medidas mais brandas. Sugeriu que poderia flexibilizar as restrições e reabrir a economia na Páscoa, em 12 de abril. Sem constrangimento de voltar atrás, justificou a guinada explicando que se tratava de “uma aspiração”. Não só.

Chamou a atenção para fato assustador. O pico de mortes no país será atingido em duas semanas. O número, que muitos consideram otimista, poderá chegar a 200 mil. Só então, os óbitos começarão a declinar. Não há certeza de que o cenário seja esse. Mas, de qualquer forma, o republicano tomou medida acertada.

Embora esteja em ano eleitoral, com a campanha ancorada na melhora da economia, Donald Trump não caiu na falsa dicotomia de salvar vidas ou salvar a economia. A vida não está em questão. Está acima de todos os valores. A mesma linha orienta líderes de praticamente o mundo inteiro. É o caso do Reino Unido, França, Japão. Mesmo o México, que, num primeiro momento, adotou medidas negacionistas, retrocedeu.

Passou da hora de o Brasil unificar o discurso e a ação. Imaginar que o país é uma ilha de super-homens num arquipélago de criaturas frágeis é o mesmo que acreditar em Papai Noel. Tal como acontece com as crianças que creem no bom velhinho, chega o momento em que a realidade se impõe. Mas, diferentemente do universo infantil, o resultado não será a troca de brinquedos. Será montanha de cadáveres.

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