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Um alerta a Bolsonaro

Beto Rabello
Advogado, secretário de Relações Internacionais da Prefeitura do Recife

Publicado em: 28/03/2020 03:00 Atualizado em: 28/03/2020 08:26

Conforme noticiários do governo federal, diários na imprensa escrita, televisionada e nas redes sociais, estão sendo liberados bilhões de reais, através do banco BNDES, que serão destinados para “ajudar “ as pessoas físicas e pessoas jurídicas de pequeno porte, MEI, empresa individual, microempresas, entre outras.

Os bancos que serão intermediários desses volumosos valores são exatamente aqueles que se negam a “emprestar “ aos pequenos empresários, ou seja, Itaú, Bradesco e o Santander. Todos bancos privados e que abocanham mais de 80% do mercado financeiro nacional. São exatamente eles que continuam cobrando 14% de juros (mora), no cheque especial e nos financiamentos de capital de giro, de veículos e habitacional. Extorquindo aqueles que mais precisam. Debitam taxas exorbitantes em conta corrente, sem autorização do correntista e para fazer qualquer operação bancária, (empréstimos) “obrigam” diretamente o cliente a aceitar venda casada de seguros ou consórcios. Se o cliente não “ajudar” seu gerente a bater cotas, simplesmente tem seus pleitos negados.

A liberação desses bilhões de reais, através do BNDES, são para salvar empregos, e os pequenos empresários, que não têm capital financeiro para honrar seus compromissos, como salários, aluguéis, energia, impostos e outros. Porém, esses bancos, Itaú, Bradesco e Santander, vêm se negando a emprestar ou refinanciar valores a quem tem limite de cheque especial em mora, prestação de financiamento de veículos, cartão de crédito ou imóveis atrasados. Basta apenas uma parcela! Se você procurar seu gerente para conseguir um empréstimo para pagar seus débitos, eles não aceitam afirmando que você está no Serasa. Porém, foi o banco mesmo que te colocou lá. Condicionando os empréstimos a quem estiver em dia. Como esses bancos vão receber  essa linha de crédito do governo federal através do BNDES e repassar para esses microempresários  que têm restrição em bancos de informação de proteção ao crédito? Basta apenas ter uma conta de telefone atrasada e constar no SPC que seu crédito será negado.

Sr. Presidente, estamos passando por uma calamidade pública, as empresas estão fechadas e os pequenos empresários não têm dinheiro guardado, trabalham diuturnamente para pagar seus funcionários e suas despesas pessoais, a maioria endividados no setor financeiro.

Esses bancos vão pegar bilhões de reais do BNDES com juros baixos e repassar para os grandes empresários que já movimentam milhões nestas instituições privadas.

São justamente os grandes empresários ou conglomerados que são os maiores beneficiados com milhões em capital de giro dessas instituições.

Nenhum dos maiores empresários deste país vai vender qualquer bem móvel ou imóvel de sua propriedade para pagar seus funcionários. Aproveitam a situação de pânico daqueles que estão vulneráveis, usando desse ardil para pegar mais milhões e milhões dos bancos públicos. Ao contrário dos pequenos empreendedores, que fecharão suas portas e ficarão desempregados, aumentando o caos social!

É preciso que V.Exa. interfira junto a essas instituições privadas, para que elas atendam os pequenos empreendedores, não vinculando obrigações passadas. Trata-se de uma calamidade pública e as famílias estão necessitando, mais do que nunca, da intervenção do estado! Os bancos exigem que o pequeno empresário tenha no mínimo um ano de conta corrente para ter direito a crédito. O CNPJ desses pequenos empreendedores tem que ter no mínimo dois anos, ou seja, se você tiver uma empresa há exatamente um ano e onze meses trabalhando honestamente, não é digno de crédito! Presidente, interfira e acabe com essa metodologia criada pelos bancos para tomar dos pequenos e dar para os grandes. Robin Hood fazia ao contrário!

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