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Editorial Resposta da população

Publicado em: 23/03/2020 03:00 Atualizado em: 23/03/2020 06:31

A sociedade brasileira, em sua esmagadora maioria, entendeu a gravidade representada pela pandemia do novo coronavírus e respondeu, adequadamente, aos apelos das autoridades e da comunidade médica para ficar dentro de casa e apostar no isolamento social como forma de barrar a velocidade de contaminação da enfermidade denominada Covid-19. O momento é de resguardar as pessoas mais vulneráveis, os idosos e portadores de enfermidades como câncer, cardíacas e com sistema imunológico fragilizado. Mesmo assim, no fim de semana, ocorreram exceções, sobretudo por parte da faixa mais exposta da população aos devastadores efeitos da doença, homens e mulheres acima de 60 anos que insistiram em sair às compras nas farmácias e supermercados.

Medidas restritivas, como o isolamento social, devem prevalecer. É sabido que a maioria das pessoas vai contrair o vírus e, se todas ficarem doentes ao mesmo tempo, os sistemas de saúde público e privado vão entrar em colapso e as equipes médicas terão de decidir quem vai viver e quem vai morrer. Com o isolamento, a contaminação será mais lenta e não haverá falta de leitos e de respiradores nos centros de tratamento intensivo (CTIs) dos hospitais. Essa triste realidade está acontecendo na Itália e na Espanha, por exemplo, onde os óbitos são contados aos milhares.

Deve-se lembrar, também, que se houver superlotação nas unidades hospitalares por causa do coronavírus, pessoas com outras enfermidades graves e vítimas de acidentes não receberão atendimento. Ressalte-se que o sistema de saúde do país é completamente deficiente em tempos normais, e, com a pandemia que se instalou em praticamente todo o território nacional, a certeza é de que as dificuldades serão bem maiores, inclusive com o estrangulamento do sistema de saúde em determinado período, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os três estados mais populosos.

A previsão do Ministério da Saúde é de que o pico dos casos se dará entre os dias 6 e 21 de abril, o que significa que o grosso da contaminação está acontecendo agora. E se intensificará nos próximos dias. Daí a importância de a população seguir em isolamento social. E se medidas mais duras tiverem de ser tomadas, não pode haver hesitação por parte das autoridades, pois o pior dos mundos seria o colapso do já frágil sistema de saúde.

Pesquisas recentes indicam que a maior parte dos brasileiros teme a pandemia e concorda com as decisões adotadas por governantes estaduais e municipais, como o fechamento das escolas, do comércio e do transporte interestadual e, em muitos casos, do intermunicipal. O controle das fronteiras já fechadas deve ser rigoroso e se, a situação ameaçar fugir do controle, decisões mais restritivas, como a quarentena em todo o país, devem ser tomadas imediatamente. Por tudo isso, todos têm de permanecer em seus lares, sem alimentar o pânico e com a certeza de estar fazendo a sua parte em hora tão dramática.

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