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Jogo de Cartas

Rodrigo Pellegrino de Azevedo
Advogado

Publicado em: 27/03/2020 08:00 Atualizado em:

Tal qual a Covid-19, a qual se tem a certeza da origem, fala-se, com indícios muito prováveis, que o “Jogo de Cartas” surgiu na China e “alastrou-se” pelo mundo. As cartas chegaram à Europa no século 14, por “contaminação” dos árabes.

Os franceses, já no século 16, criaram o baralho moderno, evoluindo mundo afora até o modelo atual, com os naipes e suas respectivas características de valor e números. Existindo, hoje, centenas de tipos de jogos que envolvem raciocínio e, principalmente, sorte.

Esta semana se finda com o vai e vem das interpretações e das narrativas sobre o que é, quais as consequências e o que se deve fazer para evitarmos, o pior, para o mundo contaminado pela pandemia do coronavírus.

A rigor, temos três grandes players hoje no Brasil, nessa partida cujo resultado, tão incerto quanto qualquer Jogo de Cartas, determinará a vida de pessoas e de negócios. O fato é que me parece haver nos jogadores (governo federal, governos estaduais e médicos), três opções claras por tipos de jogos distintos, o que dificultará o processo da partida, pois o final do jogo chegará em uma hora na qual todas as cartas estarão na mesa e tudo será visto por todos.

Infelizmente, nossa sociedade se comporta fazendo apostas, sem saber exatamente qual jogo está sendo jogado, pois são vários tipos de jogos entre os participantes. É preciso haver certa acuidade para entendermos o que nos restará ao final, pois o baralho de todos nós é o mesmo; nossas vidas e sobrevivência.

O governo federal, na figura de seu presidente, insiste em jogar “Truco”, os governos estaduais jogam “Canastra”, em dupla, com o setor da saúde e os médicos jogam “Paciência”. Volto a dizer, teremos resultado final, quando todas as cartas estiverem na mesa, mas o processo será tumultuado, pois os jogos são distintos.

O Truco se joga com duas duplas e aqui, no jogo do presidente da República temos o presidente e seus três filhos, intercambiando as parcerias e, o tempo todo, dirigindo os gritos de “Truco, Mão de Onze, Mão de Ferro”, mas com um único interesse estratégico de sua sobrevivência política.

A Canastra, jogada pelos governos estaduais, é desempenhada com base nas poucas cartas que, por enquanto, temos à mesa e, com elas, os parceiros do setor de saúde, dialogam sobre as estratégias melhores para se conseguir o intento de um menor número de contaminados, seguindo-se orientações do Ministério da Saúde, que é atacado no jogo de Truco pelo presidente da República.

A Paciência, é o jogo jogado pelos médicos. É um jogo solitário. Exercido carta a carta, que no mosaico do paciente, objeto do jogo, vai se montando o perfil do final, jogo de baralho completo, onde todas as informações possíveis, e tudo, se desenvolve às claras, até que se consiga um diagnóstico preciso do resultado final; de ganhar ou perder.

Nesse meio, estamos nós, brasileiros, à procura de alguém que possa ordenar o jogo. Fazer com que as parcerias sejam descritas de forma clara. Todos à procura de uma liderança que possa harmonizar as duplas no Truco, na Canastra e na Paciência para, no apresentar de todas as cartas à mesa, se possa saber que foi feito o correto em termos de regras, mesmo que nesse jogo de vida e morte (das vidas e dos negócios) precisemos contar com a sorte!

Façam suas apostas, nós, o povo brasileiro, estamos noutro jogo. O Pôquer. Vamos receber as cartas, aguardar a distribuição de várias outras, observando todos esses jogadores dos outros jogos, tentando identificar, em cada um, o que é “Blefe” e o que é “Verdade”.

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