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Na trilha dos hackers da Vaza-Jato

Oswaldo Eustáquio
Jornalista investigativo, vencedor de vários prêmios de jornalismo. Foi repórter da Gazeta do Povo e coordenador de Jornalismo da TVCI no litoral do Paraná. Atualmente, é repórter especial, correspondente do Agora Paraná em Brasília

Publicado em: 01/02/2020 03:00 Atualizado em: 02/02/2020 06:59

Já havia passado das seis horas da tarde do dia 28 de junho de 2019. Eu estava em São Paulo participando de mais um Congresso de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Com um pouco de dor de cabeça, queria apenas um café. Entrei na Starbucks e ouvi algo que mudou completamente a minha história. Vi, ouvi e gravei os colegas de redação de Glenn Greenwald desesperados dizendo que ele havia adulterado as mensagens do ministro Sérgio Moro e dos procuradores da Operação Lava-Jato. Ouvi também Leandro Demori, editor-executivo do site Intercept dizendo que os hackers não estariam no café. Foi nesse momento que eu mergulhei na Trilha dos Hackers da Vaza-Jato. Os seguranças do site me reconheceram e tive que sair de forma abrupta da cafeteria. Eles me seguiram, mas consegui ser mais rápido e os despistar. Eu sabia que minha gravação traria uma reviravolta no caso que ficou conhecido como “Vaza-Jato” em que mensagens roubadas de Moro estavam na iminência de se criar uma narrativa mentirosa para exonerar o ministro. Denunciei pelo meu Twitter os áudios e encaminhei ao Ministério Púbico Federal. Me chamaram de louco quando eu disse que haviam hackers de São Paulo ajudando Greenwald. Se passaram exatos 19 dias da minha denúncia e cinco hackers foram presos pela Polícia Federal. Logo fui procurado por produtores do Jornal Nacional que queriam apenas especular, mas abafaram a notícia. Pelo Twitter eu disse que um dos hackers ainda estava solto e o nome dele era Thiago Eliezer e seu apelido era Chiclete. Cravados trinta dias depois da minha denúncia ele também foi preso. No dia da prisão deste hacker, meus pais, minha irmã, minha esposa e colegas recebem por e-mail uma mensagem do grupo terrorista denominado Sociedade Secreta Silvestre com a seguinte mensagem: “Ele será assassinado”. A mensagem referia-se ao jornalista Oswaldo Eustáquio, que assina esta coluna. Me perguntaram se tive medo. A resposta foi negativa porque enquanto eu tiver um propósito nesta terra sou imparável. E o jornalismo investigativo aliado com a verdade são minhas principais armas desta guerra. Em meio a uma guerra de narrativas criada pela esquerda que apoia Greenwald, pois seu marido é deputado do PSol, me encontro com o jornalista americano no Rio de Janeiro em uma audiência na Justiça oriunda de uma discussão pública que tivemos nas redes sociais. Quando ele me viu, suas mãos começaram a tremer e ele não conseguiu me olhar nos olhos, mesmo diante da juíza. Os seguranças do jornalista do Intercept não o deixaram responder sobre a denúncia que o Ministério Público tinha acabado de fazer contra ele por associação criminosa com os hackers. A liberdade de expressão só vale para a esquerda no Brasil. Mas eles aprenderam uma lição: Não há como vencer uma guerra contra a verdade. Este foi um exemplo de como o jornalismo investigativo verdadeiro pode trazer uma reviravolta em uma história.

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