O compromisso de contribuir para a democratização do espaço público revela diversos desafios à gestão pública. Inicialmente, porque a democracia prevê distribuição de direitos, antes centralizados em um único público. Posteriormente, porque a eficácia de políticas que fomentam a democracia nos espaços urbanos requer mudança de comportamento. Não seria diferente no trânsito. Desde 2013, a Prefeitura do Recife já ampliou a ocupação do espaço viário com rotas cicláveis em 354% e já atingiu 109 km de malha cicloviária. Esses equipamentos demonstram uma verdade: o Recife tem avançado em garantir mais espaço para os ciclistas e tem mudado a sua percepção sobre o protagonismo no trânsito.

Suprimir áreas destinadas aos carros para implantar estações de aluguel de bicicletas, ou para dar lugar a uma faixa destinada especificamente à circulação de pessoas utilizando bicicletas no seu dia a dia, requer posicionamento em prol dos que mais precisam. Escolher dar mais espaço para os ciclistas é, sobretudo, reorganizar a estrutura viária existente para promover uma distribuição mais equitativa do espaço urbano, tornando-o acessível a todos. Afinal, o carro, que transporta, em média, 1,2 passageiro por viagem, ocupa quase cinco vezes mais espaço que uma bicicleta. Assim, a ampliação da malha cicloviária não expressa apenas uma questão de trânsito, mas também social: a democratização o uso da via é um caminho para a qualidade de vida em nossa cidade.

Avanços como esse dependem de diálogo com as comunidades, conscientização dos condutores e vontade de fazer do Recife uma cidade democrática e com a mobilidade focada nas pessoas, não nos carros. No mês de janeiro, a Prefeitura do Recife entregou novos 5 km estratégicos para interligar rotas no Centro do Recife e na Zona Sul. Em toda cidade, encontramos mais espaços para esse público e queremos avançar ainda mais para garantir segurança, respeito e espaço no trânsito aos que andam de bicicleta.