Construção civil: melhores resultados por meio de soluções tecnológicas

Daniel Almeida
Analista de Relacionamentos na Plataforma de Geração de Startups do CESAR. Co-fundador da Empresa Júnior de Engenharia de Materiais da UFPE

Publicado em: 24/09/2019 03:00 Atualizado em: 24/09/2019 09:20

Apesar de ser a 9ª economia do mundo, o Brasil é apenas o 45º país mais inovador do mundo. O histórico de baixos investimentos em inovação é agravado pela falta de políticas adequadas de desenvolvimento tecnológico e por cortes na área de pesquisa. Observando setores da economia brasileira, entendemos como a falta de inovação impacta o mercado.

O setor de Construção Civil, por exemplo, está entre os que menos aderiram à transformação digital. Representando 10% do PIB do país, e empregando 10 milhões de pessoas, seus resultados podem alavancar ou frear o desenvolvimento econômico do Brasil. Porém, o atraso no desenvolvimento tecnológico do setor limita a produtividade das obras e a competitividade das empresas, colaborando para a queda de quase 30% no PIB da construção civil entre 2014 e 2018.

As empresas da Construção atribuem esse desempenho principalmente a incertezas políticas e econômicas. Por outro lado, o setor ainda é resistente à adoção de novas tecnologias. Afinal, trata-se de um segmento que exige alto investimento e tem ciclo produtivo longo. Uma obra pode levar até 10 anos para ser concluída. Nesse contexto, os custos de implementação de novas tecnologias e o desconhecimento sobre os seus resultados econômicos e operacionais são inibidores de inovação digital.

Em Pernambuco o CESAR, um instituto de inovação há 23 anos desenvolvendo tecnologias e novos negócios, criou com o Sebrae o PIGS - Plataforma Integrada de Geração de Startups, com o objetivo de apoiar a geração de empreendimentos de base tecnológica focados em soluções inovadoras para processos produtivos e gerenciais da cadeia de Construção Civil.

O PIGS é constituído por três fases. Na primeira, já concluída, foram mapeados mais de 240 problemas do setor e foram produzidos 8 documentos, compilando e categorizando essas oportunidades de inovação. Os documentos batizados de Briefings de Inovação estão disponíveis para consulta no site do PIGS.

A segunda fase foi a de experimentação, onde se buscou desenvolver soluções para os problemas identificados. Foram realizados Hackatons (maratonas de empreendedorismo), Desafios Abertos e duas edições do CESAR Summer Job (estágios de verão para universitários).

Atualmente o programa está entrando em sua última fase, a de aceleração propriamente dita dos negócios. Para isso, foram selecionados os 14 times empreendedores com melhor potencial, para participarem de um programa de 10 semanas, onde vão se preparar para receber investimentos. Após essas 10 semanas de pré-aceleração, com versões do produto já em fase de testes e vendas, serão selecionados para a aceleração os 5 times que receberão um investimento de R do SEBRAE, e mais R em serviços do CESAR.

As startups são formadas por profissionais e universitários de engenharia e tecnologia  propondo soluções em várias áreas da cadeia de Construção Civil: contratação, gestão de obras, gestão de resíduos, orçamentos, vendas, pós-obra e habitabilidade. O contato das startups do PIGS com o mercado deu resultados positivos, como no caso da BuildCare, que faz o gerenciamento de manutenções preventivas em edificações, e da ESAT na formulação e gerenciamento do orçamento de obras.

Além das soluções tecnológicas, o PIGS estimula a mentalidade inovadora nos atores mais tradicionais nas empresas e sindicatos e apoia a criação uma rede de instituições e empreendedores com o suporte da Fiepe, Sinduscon e Ademi. O PIGS acontece em Pernambuco na área de construção civil, mas pode ser implementado em outros segmentos de mercado. A ideia é que seja levado para o país inteiro.

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