A TLSA no centro da crise: conheça os bastidores da saída de Danilo Cabral da Sudene
Supostos "atrasos recorrentes" na liberação de recursos teriam motivado a TLSA a levar a insatisfaçãoao presidente Lula. Ex-superintendente nega atrasos
Publicado: 07/08/2025 às 02:00

Transnordestina representa o sonho de integração de toda a região (Rafael Vieira/DP Foto)
A Transnordestina Logística S.A. (TLSA) foi o pivô da saída do ex-superintendente da Sudene, Danilo Cabral, do cargo. Ao longo da gestão do socialista na autarquia, a empresa, subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), vinha manifestando incômodo com os “atrasos recorrentes” na liberação de recursos para as obras do trecho cearense da ferrovia — atualmente o único sob sua responsabilidade, já que o trecho Salgueiro-Suape foi devolvido pela empresa ainda em 2022.
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Fontes ouvidas pela reportagem do Diario de Pernambuco relatam que a empresa vinha pressionando o governo federal para a troca no comando da instituição desde dezembro do ano passado. Sob reserva, uma das fontes relatou: “A empresa vinha cobrando celeridade na liberação dos recursos desde o início do governo Lula, mas não se fala que houve um grande esforço de Danilo [Cabral] para desatar os nós junto ao Tribunal de Contas da União (TCU)”.
Tribunal de Contas
Em plenária realizada no final do governo Bolsonaro, em 13 de dezembro de 2022, a Corte de Contas determinou a suspensão dos repasses federais à empresa. A medida foi tomada após a análise de possíveis irregularidades nos contratos de construção e exploração da ferrovia, entre as quais estava a divisão da antiga malha ferroviária em duas partes.
Para solucionar o impasse, ainda em 2022, o governo federal aprovou o plano de “reequilíbrio financeiro” da concessão. O plano incluiu a devolução do trecho Salgueiro-Suape e de toda a faixa entre Palmeira dos Índios (AL) a Macau (RN), que interliga os portos de Maceió, Suape, Recife, Cabedelo e Natal.
Nova Transnordestina
A outra parte do plano contemplou a criação da "Nova Transnordestina", integrando a linha Eliseu Martins-Salgueiro-Pecém (em construção) e a linha São Luís-Teresina-Fortaleza, único trecho da antiga Malha Nordeste em operação. “Eles ficaram com o que interessava aos negócios deles e abandonaram quatro estados”, comentou um servidor federal da área de transportes, ouvido pela reportagem em condição de anonimato.
Apesar das queixas da empresa, entre outubro de 2023 e julho de 2025, a TLSA recebeu R$ 1,8 bilhão em repasses da Sudene, o que representa 37% de todos os recursos recebidos pela companhia desde janeiro de 2010.
Procurado pelo Diario de Pernambuco, Danilo Cabral negou, de forma veemente, qualquer atraso na liberação de recursos.
“Assumimos a Sudene em julho de 2023 e em setembro, tão logo a obra foi destravada junto ao Tribunal de Contas da União e a obra retomada, nós liberamos R$ 800 milhões e agora em 2025 já liberamos R$ 1 bilhão e tem outros R$ 800 milhões para sair. Não há um dia de atraso que tenha sido causado por fluxo financeiro da nossa parte”, afirmou.
Também procurada pela reportagem, a TLSA informou, por meio de sua assessoria, que não comentaria o assunto.

