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ANÁLISE

Creatina: estudo da Anvisa reprova rótulos de 40 marcas

O estudo, divulgado nessa quarta-feira (23), analisou 41 das marcas mais vendidas no Brasil

Publicado em: 24/04/2025 10:41 | Atualizado em: 25/04/2025 10:33

 (Foto: HowToGym/Unsplash
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Foto: HowToGym/Unsplash

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta quinta-feira (24) que 40 dos 41 suplementos de creatina analisados pelo órgão apresentaram irregularidades nos rótulos. O estudo analisou os produtos mais vendidos no mercado brasileiro.

 

A análise levou em conta os critérios de teor de creatina, adequação da rotulagem e presença de matérias estranhas. De acordo com a análise, as principais incorreções são por conta de problemas de rotulagem. Dos rótulos avaliados, 40 apresentaram erro de informação.

 

Entre os problemas mais encontrados estão: 

 

  • Apresentação de alegações não previstas;
  • Uso de palavras ou imagens que podem enganar o consumidor;
  • Tabela de informação nutricional fora do padrão;
  • Frequência de consumo não declarada;
  • Número de porções da embalagem não declaradas;
  • Tabela nutricional sem as quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados.

 

Já em relação ao teor de creatina dentro dos produtos testados, a Anvisa afirma que, dos 41 examinados, apenas uma marca tinha teor abaixo do previsto no regulamento de suplementos e reprovou no teste. O nome do produto não foi divulgado pela agência. "A única amostra com erro de teor de creatina está em processo administrativo e de apuração, o que não permite a divulgação da marca neste momento", disse a Anvisa.

 

Segundo a Anvisa, para que o teor de creatina esteja adequado, a variação em relação ao rótulo não pode ser maior que 20%. O nutricionista esportivo Igor Dutra explicou ao Diario de Pernambuco que, apesar de importante, o problema com os rótulos não apresenta perigo ao público.  

 

"Todas as 40 marcas reprovadas no teste da rotulagem nutricional têm, logicamente, seu grau de importância altíssimo, mas não trazem um perigo iminente para o público que vai consumir. Mas, o mais importante, que é em relação ao teor da creatina, apenas uma está fora do padrão", afirmou o nutricionista.  

 

Igor também orientou sobre como a pessoa deve escolher o produto na hora da compra. "Para escolher a creatina, é muito importante a gente se atentar a duas coisas, principalmente. Uma é que esse produto seja composto apenas de creatina, que foi algo que também foi analisado e todas as marcas nesse ponto foram aprovadas. Então, se atentar a isso. Nesse produto, a creatina deve ser apenas creatina, de preferência monohidratada", disse.

 

Além disso, ele também orienta a prestar atenção na hora de escolher a marca. "O outro ponto é consumir marcas que já têm um renome maior. Isso porque, como a gente pode ver, elas estão sendo sujeitas de forma muito mais recorrente a testes e análises de forma padronizada, que vão trazer essa segurança do que realmente está dentro daquele produto que a gente compra. Se for de uma marca menor ou de algum produto a granel, fica mais complicado ter essa segurança.", explica.

 

Um dos produtos mais procurados por quem faz exercícios físicos, ainda existem dúvidas sobre quem pode e como se deve consumir o suplemento. Para o nutricionista, a dosagem para a maioria da população deve estar entre três e cinco gramas.  "A dose recomendada hoje, que atende a grande maioria da população, fica ali entre 3 e 5 g por dia, tomadas de forma recorrente, independente se você pratica, faz atividade física no dia ou não. Creatina, ela vai se estocando no seu músculo, então o benefício dela é a longo prazo e você deve tomar diariamente, independente de ser dia de treino ou não", orienta. 

 

Igor entende que ainda não existem evidências suficientes sobre os benefícios da creatina em questões neurológicas. "Hoje, o nosso maior respaldo com relação à creatina é para o ganho de força. Então, ela pode ajudar quem faz a prática ali de exercícios de força, exercícios de explosão, como o caso de tiros curtos de alta velocidade, saltos à distância ou até mesmo treino de musculação em alta intensidade", justifica.

 

"Existem testes também, só que ainda em fases iniciais, que ainda precisam evoluir muito nos estudos sobre benefícios para questões neurológicas. Então, é algo que não pode ser descartado, mas que também não podemos afirmar com a mesma segurança", completa. 

 

De todas as marcas, apenas uma passou em todos os testes da Anvisa, a Creatine Monohydrate - 100% PURE, da marca Atlhetica Nutrition. Todos outros produtos testados apresentaram dados incorretos nos rótulos. A análise também buscou a presença de matérias estranhas nos produtos. Neste quesito, todas as marcas tiveram resultados satisfatórios.

 

Para o consumidor, o risco de comprar produto com informações erradas nos rótulos são variados. Mas o nutricionista argumenta que o maior problema é a falta de instruções de como usar o produto. “Como nem todos têm acesso à informação por profissionais de saúde, a rotulagem deve indicar a porção e frequência de uso recomendada. Não havendo essa especificação, o consumidor pode se ver perdido nesse ponto”, afirma.

 

 

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