COLUNA
Geração Z e o retorno do conservadorismo entre os jovens
Formada por jovens nascidos entre 1995 e 2010, a geração apresenta mudanças intrigantes em seus valores e comportamentos
Por: Claudia Molinna
Publicado em: 03/12/2024 10:53 | Atualizado em: 03/12/2024 10:58
Foto: Freepik |
A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1995 e 2010, apresenta mudanças intrigantes em seus valores e comportamentos. Apesar de muito associada a ideais progressistas, a geração demonstra sinais de um conservadorismo crescente, que vai além da política e se estende à vida social, cultural e até mesmo aos relacionamentos.
Pesquisas da Gallup e do Financial Times apontam que, enquanto muitas jovens mulheres dessa geração mantêm afinidade com pautas progressistas, como igualdade de gênero e diversidade, um número significativo de homens jovens se volta a valores mais tradicionais. Tal mudança aparece em preferências por relacionamentos “à moda antiga”, maior ênfase em papéis de gênero bem definidos e uma busca por estabilidade, que remete a gerações anteriores.
No Brasil, um levantamento realizado pela Genial/Quaest também identificou a polarização dentro da Geração Z: as mulheres jovens tendem ao progressismo, enquanto os homens demonstram maior adesão a valores conservadores.
No campo cultural, esse conservadorismo se reflete em escolhas de entretenimento e hábitos de consumo. Há um ressurgimento de interesse por músicas, filmes e até mesmo roupas com estética vintage, valorizando um ideal de simplicidade e tradição. O mesmo ocorre no estilo de vida: jovens Z buscam práticas como espiritualidade tradicional, casamento precoce e profissões mais convencionais, contrastando com a ruptura de padrões vista em gerações anteriores.
Essa mudança desafia a narrativa de que os jovens são uniformemente progressistas. Pelo contrário, a Geração Z tem moldado um novo equilíbrio entre modernidade e tradição, o que promete impactar não apenas as escolhas políticas, mas também os valores e comportamentos sociais nas próximas décadas.
UMA MULHER É MORTA A CADA 10 MINUTOS POR SEU PARCEIRO OU MEMBRO DA FAMÍLIA
Foto: Freepik |
A cada dez minutos, uma mulher ou menina é morta por seu parceiro íntimo ou outro membro da família, totalizando aproximadamente 140 vítimas diárias. Em 2023, foram registrados 85.000 homicídios intencionais de mulheres e meninas em todo o mundo, dos quais 60% ocorreram no ambiente doméstico. Esses dados alarmantes foram divulgados pela ONU Mulheres e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no relatório “Feminicídios em 2023”.
A África apresentou as maiores taxas de feminicídios relacionados a parceiros íntimos e familiares, seguida pelas Américas e Oceania. Nas Américas e na Europa, a maioria dos feminicídios é cometida por parceiros íntimos, enquanto em outras regiões, membros da família são os principais perpetradores. Esses números destacam a necessidade urgente de sistemas de justiça penal eficazes, que responsabilizem os agressores e ofereçam suporte adequado às sobreviventes.
No Brasil, a situação é igualmente preocupante. Em 2023, foram registrados 1.463 casos de feminicídio, representando um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior. Isso equivale a uma mulher assassinada a cada seis horas, o maior número desde a tipificação do crime em 2015. Entre 2015 e 2023, o país contabilizou 10,6 mil feminicídios. A região Centro-Oeste apresentou as taxas mais altas, com Mato Grosso liderando com 2,5 mortes por 100 mil mulheres. Em números absolutos, São Paulo registrou 221 casos em 2023.
Tais dados evidenciam a urgência de políticas públicas eficazes para combater a violência de gênero e proteger as mulheres brasileiras. É fundamental que governos e sociedade civil atuem conjuntamente para implementar medidas preventivas, fortalecer a rede de apoio às vítimas e garantir a punição adequada dos agressores, visando a erradicação desse grave problema social.
UMA MENINA DÁ À LUZ A CADA 48 MINUTOS NO BRASIL
Foto: Freepik |
Anualmente, o Brasil registra cerca de 11 mil partos de meninas menores de 14 anos, o que equivale a aproximadamente 26 nascimentos diários nessa faixa etária. Esses números alarmantes, destacados pelo Ministério da Saúde e pelo estudo “Estatísticas do Registro Civil” do IBGE, refletem uma grave violação de direitos, já que relações sexuais com menores de 14 anos configuram estupro de vulnerável.
Estudos mostram que mais de 40% dessas meninas não iniciam o pré-natal no primeiro trimestre da gestação, comprometendo a saúde materno-infantil e dificultando o acesso ao aborto legal em casos permitidos pela legislação. Essa demora é atribuída a fatores como desconhecimento da gravidez, medo de denunciar o agressor e falta de acesso a serviços de saúde adequados.
A gravidez precoce traz riscos graves à saúde das jovens e dos bebês, além de limitar o desenvolvimento educacional e social das meninas. O Brasil, embora permita a interrupção da gravidez em casos de estupro, enfrenta barreiras como falta de informação, resistência institucional e objeção de consciência por parte de profissionais, dificultando o exercício do direito ao aborto legal.
É imperativo que o país implemente políticas públicas, que abordem a educação sexual, ampliem o acesso aos serviços de saúde e promovam a conscientização sobre os direitos das crianças e adolescentes, para proteger essas meninas, oferecendo melhores perspectivas de vida.
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