ARGENTINA

Javier Milei toma posse como presidente da Argentina

Javier Milei, economista libertário e ultraliberal, foi empossado neste domingo (10) como presidente da Argentina
Por: AFP

Publicado em: 10/12/2023 12:18 | Atualizado em: 10/12/2023 12:40

 (ALEJANDRO PAGNI / AFP)
ALEJANDRO PAGNI / AFP

 

Javier Milei, economista libertário e ultraliberal, foi empossado neste domingo (10) como presidente da Argentina, cargo que assume determinado a aplicar um tratamento de choque para tirar o país de uma agonizante crise econômica. 

 

Milei, de 53 anos, seguiu o protocolo e jurou "por Deus e pela Pátria, nestes santos Evangelhos, exercer com lealdade e patriotismo o cargo de Presidente da Nação Argentina" e recebeu do presidente cessante, Alberto Fernández, a faixa e o bastão presidencial.

 

Obrigado a conciliar
 
Terceira economia da América Latina, a Argentina registra uma inflação anualizada superior a 140% e uma taxa de pobreza superior a 40%. Para enfrentar esta crise, Milei propôs medidas drásticas para cortar gastos públicos, reduzir o Estado e liberalizar num país habituado durante anos a subsídios e déficits fiscais. 

"Se Milei cumprir 50% do que disse, estaremos mudando muito o nosso futuro", disse Franco Propato, um vendedor de motocicletas de 23 anos ,que está disposto a dar tempo ao novo presidente "porque a política que tivemos durante 40 anos está nos deixando com uma bagunça muito grande, que não terá como ser consertada de um dia para o outro". 

A Liberdade Avança, o partido de extrema direita de Milei, é apenas a terceira minoria no Congresso, o que o obriga a conciliar muitas das suas reformas com outras forças políticas. 

"Há uma tentativa de expandir a coalizão e ampliar um pouco mais o apoio legislativo do governo. Mas tudo isso tem um preço. Se negociar, não será tão anticasta", disse à AFP o cientista político Diego Reynoso.

"Prova de fogo"
 
O presidente terá, no entanto, a liberdade de decidir sobre a desvalorização do peso e algumas medidas de redução de gastos. A dolarização, tema central da sua campanha, foi suspensa enquanto se aguardam os primeiros resultados do seu plano econômico. 

"A primeira prova de fogo decisiva para o presidente será decidir se ele vai realmente interromper a emissão (de dinheiro) ou se adota uma postura mais pragmática e deixa para depois o objetivo da não emissão", disse à AFP o economista Víctor Beker, da Universidade de Belgrano. 

"Estaríamos em uma situação de aumento dos preços, sem dinheiro no bolso das pessoas. Haverá um choque entre as promessas e a realidade. Veremos qual será o resultado", acrescentou. 

Apoiadores de Milei se reuniram no sábado à noite em frente ao Banco Central argentino para um "velório" simbólico com coroas de flores e até um aviso fúnebre, uma referência direta a uma promessa do novo presidente de fechar o órgão, que ele esclareceu que não será instantâneo.

De um total de 18 ministérios do governo de Alberto Fernández, o de Milei sairá apenas com metade.

Depois de alertar que provavelmente haverá estagflação nos primeiros dias de seu governo, Milei garantiu que manterá a assistência social aos mais necessitados. 

Mas assim como há entusiasmo entre os seus apoiadores, outros estão preocupados com o que está por vir. 

"Acho que a inflação continuará, talvez pior do que antes. Não vejo nada de bom no futuro", disse Martina Soto, uma mulher de 66 anos, perto do Congresso.

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