Entrevista

'Não tenho que obedecer a ninguém', diz Bethânia após gravar música de Pablo

Em entrevista ao Viver, Maria Bethânia detalhou show de estreia da turnê com Zeca Pagodinho no próximo sábado, no Classic Hall

Publicado em: 04/04/2018 10:58 | Atualizado em: 04/04/2018 11:15

No show De Santo Amaro a Xerém os artistas reverenciam o samba. Foto: Daryan Dornelles/Divulgação

Maria Bethânia e Zeca Pagodinho sobem ao palco juntos, pela primeira vez, para a turnê nacional que tem estreia no sábado (7), às 21h, no Classic Hall. Os artistas vão reverenciar o samba, elo descoberto após cantarem juntos a faixa Sonho meu, na gravação do CD/DVD O quintal do Pagodinho, em 2016. O projeto foi batizado de De Santo Amaro a Xerém em referência a dois locais de forte significado da vida dos artistas. Bethânia, 71 anos, nasceu em Santo Amaro da Purificação (Bahia), e Zeca, 59, vive um sítio no distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ). A parceria ganhou música escrita especialmente para a ocasião por Caetano Veloso. 

"Vamos reverenciar o samba de roda e o samba brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro. Eu pedi a Caetano, já que há muitos anos não pedia uma música. É um samba que fala desse encontro comemorativo e simples. Ele aceitou e fez um samba muito bonito”, explica Bethânia, que gravou um DVD em março e incluiu no repertório uma canção de Pablo, o “rei da sofrência”. 

Para o sambista com 35 anos de carreira, a turnê é uma responsabilidade e tanto. "Rapaz, é de tomar todos os calmantes do mundo", brinca Zeca. "Bethânia é uma rainha e eu sou só um cantador. Estou preocupado, mas ela sempre me tranquiliza. Não sonhava em conhecer Maria Bethânia (que iniciou sua carreira há 53 anos), que dirá cantar no mesmo palco que ela".

O repertório será organizado entre duetos e momentos solos de cada artista, e inclui sucessos como Negue (Adelino Moreira), Reconvexo (Caetano Veloso), Maneiras (Sylvio da Silva) e Verdade (Nelson Rufino/Carlinhos Santana). Os artistas interpretam juntos Deixa a vida me levar (Serginho Meriti/Eri do Cais) e Sonho meu (Ivone Lara/Delcio Carvalho), e prometem fazer homenagem às escolas de samba Mangueira e Portela.  "Ainda estamos definindo alguns detalhes nos ensaios", explicou Zeca, deixando espaço para surpresas no setlist. A direção musical do espetáculo é de Jaime Alem (violão) e Paulão Sete Cordas (violão). 

Perguntas // Maria Bethânia

Como se deu a parceria com Zeca Pagodinho? 
Zeca é um dos maiores intérpretes de samba e tenho admiração por ele. Já ele tem admiração pelo meu lado teatral, essa introdução da poesia no meu show. É um menino muito cavalheiro, atento, inteligente e que gosta de estudar o que lhe interessa. Eu sou uma baladeira que se arrisca a cantar samba. O que aprendi na Bahia e no Rio de Janeiro. Mas meu suingue é lento, não tem essa pegada forte dele. Esse encontro é de alegria.

Você gravou Vingança do amor, de Pablo, e canções de Bruno e Marrone, Zezé di Camargo e Luciano, entre outros artistas. Por que motivo as pessoas se impressionarem com esse repertório?
Essa música do Pablo eu amei. No Brasil e no mundo todo, a palavra chave é o preconceito. A música tem que emocionar, comover e tocar o intérprete. A Bethânia não pode cantar Pablo? Eu digo que posso, sou livre. Declamo Camões, canto cordel e não tenho que obedecer a ninguém. 

O mercado musical aponta a ascensão e decadência de vários ritmos. Em que fase está o samba na sua opinião? 
O samba para mim é a raiz de tudo. O que conduz a cadeia musical, os movimentos importantes da música. O samba está em tudo, está dentro do frevo, do baião, da música negra. 

Assista:

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