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Música Combo X investe na crítica social em seu segundo disco Com dez anos de estrada, grupo capitaneado por Gilmar Bolla 8 fala das vivências no bairro de Peixinhos em novo trabalho

Por: Alef Pontes

Publicado em: 22/08/2017 20:00 Atualizado em: 22/08/2017 21:22

Disco conta com produção de Eduardo Bid e Bactéria (à esquerda). Foto: Rafaella Ribeiro/Divulgação
Disco conta com produção de Eduardo Bid e Bactéria (à esquerda). Foto: Rafaella Ribeiro/Divulgação

Celebrando dez anos de atividades, a banda pernambucana Combo X se prepara para lançar o seu segundo álbum de carreira, voltando-se, cada vez mais, para as origens nos batuques olindenses. Sucessor de A ponte (2013), Meu brinquedo traz Gilmar Bolla 8 e companhia em um mergulho na sonoridade das ruas de Peixinhos, reverenciando inspirações e apontando, em notas críticas, que a periferia ainda (sobre)vive às margens, encontrando maneiras próprias de manter vivas suas expressões culturais.

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Gravado no estúdio Casona, em Candeias, o segundo álbum da Combo X conta com produção musical de Jadson Vale, o Bactéria (Rozenbac e ex-Mundo Livre S/A), e Eduardo Bidlovski, mais conhecido como BiD - o mesmo que assina a produção de Afrociberdelia (1996), da Chico Science & Nação Zumbi, e Por pouco (2000), da Mundo Livre S/A. Bactéria conta que Meu brinquedo foi pensado para ser, musical e poeticamente, diferente do primeiro. "Em A ponte, nós tínhamos o objetivo muito claro de fazer uma homenagem à Chico Science, que foi um grande gênio e pesquisador. Hoje nós estamos na música por conta dele. Nesse trabalho atual, a banda apresenta a evolução de seus músicos", explica.

Segundo o vocalista, o álbum vem com uma identidade mais "mpbzística". "Meu brinquedo não tem tanto aquela pegada eletrônica do primeiro trabalho. Decidimos investir em uma vertente mais orgânica", conta Gilmar. Revelando uma presença mais forte dos batuques de Peixinhos, nascedouro da maioria dos integrantes, e um cunho social intenso nas letras, ele garante que, no disco, o peso sonoro continua: "Trazemos novamente a formação com duas baterias e percussão para garantir o groove das músicas".

No lugar da reverência ao amigo e antigo parceiro de banda, as letras agora falam da realidade vivenciada na periferia olindense, onde o cenário socioeconômico não parece ter mudado tanto após 20 anos das denúncias apresentadas pela Chico Science & Nação Zumbi nos anos 1990. "Agora eu falo sobre a realidade do meu lugar, as vivências e personagens do meu povo. As letras estão mais direcionadas para as questões sociais", adianta, sobre as dez faixas inéditas que integram o disco.

Cronograma
Originalmente programado para ganhar o mundo em outubro, o lançamento oficial só deve ocorrer no início do próximo ano, nos primeiros dias de janeiro. Mas o público pode esperar ainda para este semestre o single e videoclipe do frevo Cifrão - uma crítica social contra o desvio de verbas públicas que tem como mote o questionamento "Cadê o dinheiro?".

"Decidimos adiar o cronograma para o que o trabalho ganhe uma longevidade. Queremos iniciar o ano com tudo", aponta Bactéria, que já se programa para inserir o trabalho nas programações dos festivais e prêmios da música do ciclo 2018. O lançamento do trabalho, segundo Bolla 8, ocorrerá nas plataformas de streaming e em uma tiragem especial em vinil - ele optou por abrir mão do formado CD. Atualmente, o álbum segue em pós-produção e será lançado com identidade visual assinada pelo artista e designer Raul Luna (Vitor Araújo, China, Mombojó e Tibério Azul).

Forcinha
De fora dos editais de financiamento público e privado, o disco, gravado entre junho e julho de 2016, contou com o apoio da produtora SBP, de Goiana, para sair do papel. "È uma produtora de um empresário caribenho que investe em projetos de ação social. Ele conheceu meu trabalho sociocultural no bairro de Peixinhos há alguns anos e nos procurou querendo patrocinar a Combo X", explica Gilmar sobre a proposta que garantiu continuidade às atividades do grupo.

Atualmente o trabalho se encontra em mixagem, pelas mãos experiente de Eduardo BiD. "Ele veio para o Recife e gravou umas quatro músicas com a gente no Casona, agora trabalha na mix. Pra mim é sempre uma aula trabalhar ao lado dele", elogia Bactéria, sob a parceria iniciada ainda na Mundo Livre S/A e que moldou a sonoridade do primeiro álbum da Combo X. A master está programada para ocorrer nos estúdios da Red Traxx Mastering, com assinatura do engenheiro de som Felipe Tichauer - paulista radicado em Miami que acumula trabalhos com Rod Stewart, Ricky Martin, Daddy Yankee, Maria Bethania, Arnaldo Antunes e Elza Soares, entre outros.

Escute A ponte, primeiro disco da Combo X:



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