Televisão
Gregório Duvivier transforma agenda política em humor no Greg News
Novo programa vai ao ar às sextas-feiras na HBO
Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco
Publicado em: 05/05/2017 20:19 Atualizado em:
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Foto: HBO/Divulgação |
Com duração de 30 minutos e 20 episódios na primeira temporada, o programa tem como principal referência o Last week tonight, apresentado pelo britânico John Oliver. A primeira edição terá a Odebrecht e o projeto Escola sem Partido como temas. O Greg news terá espaço para entrevistas, mas Gregório afasta a possibilidade de convidar nomes como Marco Feliciano. "Não faz sentido chamar Feliciano. Pra quê? Não acho que ele seja a voz do Brasil, embora tenha sido muito votado. Ele fala coisas de um racismo de tal maneira, de uma falta de civilização, que não tem por onde começar a discussão", exemplifica. Ele ratifica que a proposta não é promover um bate-boca e, sim, contar a história de um assunto através do humor.
Você tem sido muito crítico ao cenário político do país. Esse projeto na TV, assim como o Porta dos Fundos tem sido, também é uma maneira de levantar bandeiras?
Esse programa vai basicamente falar de como as instituições políticas afetam nossa vida. Queremos mostrar como afeta a sua vida. O programa vai te dar informações. Vamos contar uma história sobre determinado assunto, mostrar como é que a gente chegou até aqui. Prisão, por exemplo, é o país que mais prende, que tem uma prisão superlotada. Ao mesmo é o país da impunidade. Como é que chegou por aqui e mostrar possíveis saídas. Mas não é um programa de levantar opinião, bandeira e solução. A gente vai contar determinada história sobre determinado assunto. Queremos dar um olhar que não está sendo dado, fugir do "adoro e odeio". A gente vai ser parcial, mas se atendo aos fatos. Não vamos mentir pro telespectador.
Você pretende chamar pessoas de quem você discorda?
O meu objetivo é chamar pessoas que não tem hábito de aparecer. Tem 300 pessoas nos talk shows. Eu quero ver um policial militar falando sobre a desmilitarização. A população de comunidade falando sobre legalização. O principal afetado pela criminalização das drogas é a a população da favela. É tentar ir com novo enfoque. Não faz sentido chamar o Marco Feliciano. Pra quê? Não acho que ele seja a voz do Brasil, embora tenha sido muito votado. Ele fala coisas de um racismo de tal maneira, de uma falta de civilização, que não tem por onde começar a discussão. O objetivo não é bater boca. É contar uma história relevante através do humor.
Essa caracterísitca de brincar com política corre o risco de esvaziar a seriedade do política?
Poderia ser um perigo. Por isso que a gente buscou uma equipe muito séria. Volta e meia, as pessoas pensam que o humor é sinônimo de esvaziamento. De um lado a verdade, do outro é a piada. Eu acho que a melhor maneira de dizer a verdade, talvez a única, é através da piada. A função primordial do humor é contar a piada. Humor e piada não são contraditórios. Às vezes, o humor fica na crítica superficial. Como, por exemplo, "Lula bebe, Aécio cheira". Esse humor é batido e expõe o que tem de menos relevante a ser dito sobre eles. Nós queremos sair desse tipo de humor. A gente se acostumou a debater de um jeito muito superifcial. "Você é coxinha, você é petralha". Como se fosse obrigatório se encaixar em um dos lados. As discordânciais existem e são muito saudáveis.
O programa quer promover o diálogo. Você já foi alvo de xingamentos, agressão verbal, devido a posicionamentos políticos. Acha que o brasileiro não tem ou perdeu a capacidade de debater ideias? O debate ficou restrito a"petralha" versus "coxinha"?
A gente tem uma democracia muito verde. Faz menos de 30 anos que se vota para presidente. A gente não está acostumado a pessoas que pensam diferente da gente por falta de hábito democrático. É muito recente. Estou feliz de estar fazendo o programa em um momento que há tantas pessoas fascistas. Acho que a polarização é necessária. As pessoas precisam falar coisas opostas, Fascista é quando você não aceita a polarização. O Brasil está com essa tendência. Tem que todo mundo pensar igual. No programa, a gente tem uma equipe de pesquisa para tentar fazer uma discussão e fugir das coisas óbvias.
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