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SHOW Nação Zumbi celebrou Afrociberdelia e Chico Science sem Gilmar Bolla 8 Banda tocou na íntegra o seu segundo álbum e homenageou o vocalista, morto em 1997

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 08/05/2016 12:02 Atualizado em: 08/05/2016 13:27

Perfomance da banda foi prejudicada pela acústica do Clube Português.
Perfomance da banda foi prejudicada pela acústica do Clube Português.

Aparentemente, não tem como dar errado o show de uma banda das mais queridas do estado, celebrando justamente um de seus discos mais elogiados e a vida daquele que foi seu mais icônico integrante. Por isso, a chegada ao Recife, neste sábado (7), da miniturnê Nação Zumbi em comemoração aos 20 anos de lançamento do álbum Afrociberdelia e aos 50 anos do nascimento de Chico Science foi num inevitável clima de “já ganhou”. E, mantendo a comparação com esportes, a apresentação, no Clube Português, zona Norte da cidade, foi uma vitória fácil, fácil.

A missão de tocar Afrociberdelia na íntegra, na sequência original das faixas, parece, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma desvantagem. De positivo, o fato de ser um ótimo álbum e ter hits como Macô, Maracatu atômico e Manguetow. Por outro lado, mesmo conhecidas pelos fãs, algumas das músicas, sobretudo as instrumentais, como Baião ambiental, que funcionam muito bem no álbum, acabam quebrando um pouco o ritmo de uma apresentação ao vivo.

E a fraca acústica do Clube Português prejudica ainda mais os momentos que dependem exclusivamente dos instrumentos, sem o vocal de Jorge du Peixe. A escolha do palco pareceu simbólica e até adequada para a ocasião: foi lá onde ocorreu, em 1996, a última apresentação ao vivo de Chico Science & Nação Zumbi, no Recife, justamente na divulgação do Afrociberdelia. Mas o fato é que é difícil compreender com clareza a música: a impressão é que se aproveita o show sobretudo pela familiaridade que se tem com aquelas músicas, não exatamente pela clareza do som.

Já a apresentação de Siba, encarregado do show de abertura, pareceu menos comprometida nesse quesito. Estando perto do palco era possível compreender relativamente melhor a apresentação, provavelmente pela presença mais sutil de elementos percussivos, o que não é o caso da Nação. Mas também merecia uma acústica melhor; De baile solto, o mais recente trabalho do músico, é um baita álbum. Siba parece dominar cada vez mais a arte de misturar o regional com outros ritmos: a marcante guitarra casa perfeitamente bem com a pegada do maracatu e tudo soa muito natural, aperfeiçoado e amadurecendo o trabalho iniciado com seu primeiro grupo, Mestre Ambrósio, no início dos anos 90, nos primórdios do movimento manguebeat.

Mas, independentemente do som, a apresentação parece ter agradado o público, que se manteve de pé até quase 3h30, horário que a banda se despediu do palco, com um bis de três músicas de outras fases da carreira: Defeito perfeito, Foi de amor e Quando a maré encher.

Reintegração
Apesar da decisão da 1ª vara cível da comarca de Olinda, que na sexta-feira (6) determinou a reintegração, em caráter liminar, do músico Gilmar Bolla 8 à banda, o percussionista não foi visto na apresentação do sábado. Segundo o documento judicial, a ordem deveria ser cumprida em até 24 horas (o que não ocorreu), sob pena de multa diária de R$ 5 mil. A Nação Zumbi, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre a questão. A saída de Gilmar, em dezembro de 2015, foi conturbada. O percussionista alega ter sido expulso da banda, enquanto a Nação Zumbi declara que haviam problemas internos, mas que a saída do músico foi voluntária.

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