Música Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Xande de Pilares se apresentam no Recife. Relembre outros trios do samba Ritmo que tem representantes como Noel Rosa e Cartola completa 100 anos em 2016

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/03/2016 09:00 Atualizado em: 04/03/2016 17:10


Xande, Zeca e Jorge Aragão, amizade levada aos palcos. Foto: Divulgação
Xande, Zeca e Jorge Aragão, amizade levada aos palcos. Foto: Divulgação

Há décadas, tríades são representadas na cultura popular. Na literatura, temos Os três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Na TV e no cinema, Os três patetas. Na música erudita, Os três tenores. E curiosamente, no samba, ritmo que completa 100 anos em 2016, Pernambuco receberá dois shows com trios de sambistas no mesmo mês. O Gigantes do Samba, que ocorre no dia 11, com Belo, Alexandre Pires e Luiz Carlos, e o Reis do Samba, que reúne Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Xande de Pilares neste sábado (05), às 21h, no Clube Português (Graças).

Os 100 anos do samba são contados a partir da composição de Pelo interfone, de Ernesto dos Santos, conhecido como Donga, e Mauro de Almeida, mas que só viria a ser gravada em 1917. De lá para cá, o resto é história. Músicos como Noel Rosa, Cartola e Chico Buarque touxeram novas roupagens ao ritmo, o que, já nos anos 1990, culminou com a explosão de artistas como Exaltasamba, Art Popular, Molejo, Só Pra Contrariar e Raça Negra.

Atração do Reis do Samba, Zeca Pagodinho, de 57 anos, opina, no entanto, que apesar das mudanças na sonoridade, a temática das letras não sofreu tanta variação: “Tem gente que fala de amor, tem gente que fala de sofrimento. Dá pra tratar de tudo”. De fato, ao se analisar os maiores sucessos associados ao samba nas últimas décadas, a dor de cotovelo é uma constante. Mas também há espaço para a celebração da amizade e diversão, o que é, inclusive, o mote do show dos Reis. “Jorge e Xande são meus amigos. A gente tá sempre se encontrando em boteco, em show, até mesmo quando a gente se junta para tirar um som em casa”, diz Zeca.

Jorge Aragão, de 67 anos, volta ao Recife após show na tradicional noite do samba no carnaval do Recife. Xande de Pilares divide o tempo entre os palcos e as gravações do programa Esquenta!, apresentado aos domingos, na Globo, por Regina Casé. Apesar da divulgação, os três, a princípio, devem apresentar shows próprios no Clube Português. O que não impede, no entanto, uma parceria ao final. Os ingressos, ainda à venda, custam R$ 45. Informações: 3441-9660. 

Entrevista >> Zeca Pagodinho

Você tem algum projeto especial para comemoração dos 100 anos de samba?
Próprio, não. O que eu fiz foi participar de alguns shows de amigos, acho que já fiz minha parte. O que eu sigo fazendo é a curadoria d’O Quintal do Pagodinho.

Qual você citaria como a principal diferença entre samba e pagode?
As pessoas confundem um com o outro. Samba é um ritmo, um estilo. Na minha época, pelo menos, pagode era uma reunião de amigos, uma rodinha de samba. Até porque, sempre que nos encontrávamos, não saía só samba. Tinha seresta, chorinho, de tudo…

Você tem alguma relação especial com o público recifense?
Claro! Recife foi uma das primeiras cidades que me acolheu. Logo no início da carreira, fiz muito sucesso aí, e sempre tô tocando. Tenho vários amigos aí, é um pessoal incrível.



+Samba em conjunto


Os Três Malandros
Bezerra da Silva, Moreira da Silva e Dicró. Com um trio desses, não podia se esperar nada menos do que uma das mais celebradas uniões do samba. Tudo nasceu, no entanto, de uma brincadeira. Uma grande paródia/homenagem a Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras, Os Três Tenores. O disco do trio foi lançado em 1995, com músicas como Malandro não vacila.

Amigos do Pagode 90
No clima de nostalgia do samba dos anos 1990, a turnê marcou o encontro de Salgadinho (Katinguelê), Chrigor (Exaltasamba) e Márcio Art (Art Popular). O repertório do show contava com músicas dos três grupos, como Sem abuso e Me apaixonei pela pessoa errada.

Gigantes do Samba

Na segunda edição, o projeto traz os músicos Belo, Alexandre Borges e Luiz Carlos, do Raça Negra. A estreia da turnê nacional, inclusive, será em Olinda. O trio sobe ao palco do Classic Hall (Salgadinho) no dia 11 deste mês. Dias atrás, Belo havia sido expulso do projeto pela instabilidade em cumprir a agenda. O cantor, no entanto, se desculpou com os colegas e deve se apresentar.

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