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Marco Zero Carnaval 2016: Em noite de samba e chuva, Gaby Amarantos convida a Musa e faz homenagem a Rossi Fundo de Quintal, Jorge Aragão e o show Recife de Bambas, com sambistas pernambucanos, animaram o domingo

Publicado em: 08/02/2016 06:43 Atualizado em: 08/02/2016 09:02

Priscila e Gaby cantaram "Em plena lua de mel", de Reginaldo Rossi. Foto: Diego Nigro/PCR
Priscila e Gaby cantaram "Em plena lua de mel", de Reginaldo Rossi. Foto: Diego Nigro/PCR

A noite foi desafiadora para os foliões. Os atrasos deste domingo, no Marco Zero, começaram logo nas primeiras apresentações e se estenderam com o passar das horas. Por volta da meia-noite, uma forte chuva dispersou um pouco a plateia, mas, como todo amante de Momo é também um guerreiro, a festa não perdeu o brilho e animação.

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A grade do palco principal do carnaval recifense começou com desfile de grupos de maracatu de baque solto, ainda à tarde, seguidos pelo multiartista pernambucano Antonio Nóbrega, a quem coube apresentar ao público as referências culturais do estado, em performance marcada por elementos musicais, do teatro e da dança.

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Gaby Amarantos, que deveria ter subido ao palco às 20h50, começou a apresentação quase às 22h. Fantasiada de Rainha da Fuleiragem, a paraense desafiou tabus. Um dos hits do verão, Metralhadora foi escolhida por ela para abrir o repertório, com direito a uma bazuca com luzes de LED para intensificar a coreografia. Bang, de Anitta, Aquele 1%, de Wesley Safadão, Meu violão e o nosso cachorro, das Coleguinhas, País tropical, de Jorge Ben, Superfantástico, do Balão Mágico, e Ilariê, da Xuxa, foram algumas canções pinçadas para o repertório extremamente eclético.

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Anunciado tardiamente, o nome de Gaby Amarantos chegou a ser questionado por representantes da cena brega pernambucana, não contemplada na programação oficial, enquanto uma cantora do gênero, vinda do Pará, ocupa mais uma vez o palco mais nobre. Antenada – e declaradamente fã –, ela elogiou a produção local, citou as bandas Musa, Torpedo e Loira Marrenta e convidou Priscila Sena, da Musa, para a primeira homenagem da noite, ao Rei do Brega, Reginaldo Rossi, mosto em dezembro de 2013. As duas fizeram dueto de Em plena lua de mel.

Karynna Spinelli comemora dez anos de carreira em 2016. Foto: Diego Nigro/PCR
Karynna Spinelli comemora dez anos de carreira em 2016. Foto: Diego Nigro/PCR

O segundo tributo da noite foi ao ritmo protagonista da festa: o frevo. Com passistas, ela entoou Frevo mulher, de Zé Ramalho, e Voltei, Recife, de Luiz Bandeira, com alguns tropeços na letra. "Essa cultura é linda, de uma cidade que valoriza o que tem e abre espaço para os outros, porque eu vim lá de Belém do Pará", agradeceu.


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Além de Rossi e das bandas de brega, Gaby fez reverência a Nena Queiroga, Maestro Forró e o sempre lembrado Zé Cafofinho – autor de Xirley, um dos primeiros sucessos dela, ao qual foi apresentada no táxi, durante o carnaval de 2010, quando se apresentou no Rec-Beat. "Não me canso de agradecer, porque eu sou feita de gratidão", disse, após relembrar a perda da mãe, cuja doença a fez interromper a carreira, e convidar o pai, Seu Conrado, ao palco. "Família é tudo nessa vida. Ele está encantado com o carnaval do Recife", contou.

Ex-mai love e Ela tá beba doida, do repertório dela, também foram contempladas, além da estreia de uma música nova. "Agora chora e não vem mais me procurar/ Agora chora e aprende a me valorizar/ Acorda, que eu já coloquei outro em seu lugar", diz o refrão da canção, composta por ela para um ex-namorado após o início do relacionamento com o cineasta inglês Gareth Jones. 

Jorge Aragão se apresentou sob forte chuva. Foto: Diego Nigro/PCR
Jorge Aragão se apresentou sob forte chuva. Foto: Diego Nigro/PCR
A profícua safra de compositores pernambucanos se reuniu no show Recife de Bambas, com Belo Xis, Cybelle Alves, Welington do Pandeiro, Karynna Spinelli, Leno Simpatia e Gerlane Lops. Cada um fez um show solo e, ao final, cantaram juntos o clássico É hoje, de Didi e Mestrinho. Entre sucessos do samba e autorais, eles fizeram bonito antes de Jorge Aragão e Fundo de Quintal. Foi um rio que passou em minha vida, de Paulinho da Viola, Malandragem dá um tempo, de Bezerra da Silva – introduzido por Belo Xis como o maior sambista de Pernambuco -, Retalhos de cetim, de Benito de Paula, Ex-amor, de Martinho da Vila, Trem das onze, de Adoniran Barbosa, e Não deixe o samba morrer, de Édson e Aloísio, estavam no setlist.

Em noite dedicada ao gênero, algumas músicas se repetiram. Aquarela brasileira, de Silas de Oliveira, foi interpretada por Belo Xis e Fundo de Quintal. Vou festejar, de Jorge Aragão, Dida e Neoci, por Karynna Spinelli e o grupo carioca. A dobradinha pareceu cair muito bem para a plateia, que acompanhou todas as letras.

Penúltima atração da noite, Jorge Aragão emendou um sucesso no outro, em apresentação de poucas palavras e muita água. "Tá chovendo aí?", perguntou, ao público, que foi reduzido devido ao incidente climático. "É melhor parar por causa da chuva?", questionou. E obteve resposta negativa, claro. Todo de preto e com óculos escuros, o carioca cantou Amor, estou sofrendo e Tendência, entre outras.

O show do Fundo de Quintal durou menos de uma hora. O grupo subiu ao palco às 2h45 (uma hora e meia após o previsto e provocou a interação da plateia. Em Verdadeira chama, cobraram até aos operadores de câmera que levantassem os braços. A banda, formada na década de 1970, despediu-se por volta de 3h40, encerrando a noite, após Só pra contrariar, A amizade e outras composições acompanhadas em uníssono. Nesta segunda-feira, Nação Zumbi, Jota Quest e O Rappa se apresentam no Marco Zero. 

Fundo de Quintal encerrou a noite, com menos de uma hora de show. Foto: Diego Nigro/PCR
Fundo de Quintal encerrou a noite, com menos de uma hora de show. Foto: Diego Nigro/PCR


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