Entrevista Netflix: Ator de House of Cards revela morte em nova temporada Michael Kelly se esquivou de perguntas sobre a política brasileira em entrevista a jornalistas latinos em Buenos Aires

Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/03/2016 11:11 Atualizado em: 22/03/2016 11:47


Michael Kelly como Doug Stamper ao lado do presidente Frank Underwood (Kevin Spacey). Foto: David Giesbrecht/Netflix
Michael Kelly como Doug Stamper ao lado do presidente Frank Underwood (Kevin Spacey). Foto: David Giesbrecht/Netflix

Buenos Aires - House of cards é uma série política tão apreciada e importante na história da cinematografia norte-americana (foi a primeira da Netflix indicada ao Oscar da TV, o Emmy) que a entrevista com o ator Michael Kelly quase foi centrada nos meandros da governança mundial - dos Estados Unidos à Argentina, país sede da maratona organizada pela Netflix para a imprensa latina. A devoção à série é alimentada por um excelente marketing - que inclui comentários políticos antenados nos perfis oficiais nas redes sociais - e pela estreia da quarta temporada bem no início do processo eleitoral que elegará o sucessor de Barack Obama.

"Não somos C.S.I. e vasculhamos os jornais em busca de fatos. Não fazemos isso, mas a política está tão louca que, às vezes, a ficção parece normal", atestou Michael ao ser questionado sobre o quão oportuno é o roteiro para os momentos de todos os países representados pelos jornalistas presentes. A resposta não impediu os brasileiros de sabatinarem o intéprete do chefe de gabinete Doug Stamper sobre a atual situação política do Brasil.

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O ator norte-americano, de 46 anos de idade e 15 de carreira, que já ganhou noticiários nos Estados Unidos após criticar Donald Trump, candidato republicano na corrida pela Casa Branca, tentou ser "politicamente correto" e se esquivar da resposta, uma das listadas na entrevista abaixo. Uma declaração importante de Doug, no entanto, quase passa despercebida em meio ao frenesi político: "House of cards está ficando cada vez mais obscura. Alguém mais vai morrer, tenho certeza", arriscou sobre o futuro.

Entrevista Michael Kelly // Intérprete de Doug Stamper

O que esperar da quinta temporada? O que vem por aí?
Não posso antecipar nada. E não sei. Mas tenho certeza de uma coisa: House of cards está ficando cada vez mais obscura. O bom de nosso show é que ele sempre surpreende. Inclusive a mim, que faço parte do elenco há quatro anos. Alguém mais vai morrer, tenho certeza.



A quarta temporada apresenta um Doug mais malvado...
[Interrompe] Não acho que ele seja mau. É um homem complicado, que fez coisas más, mas não é mau. Na Actor's Studio [associação de roteiristas e atores de teatro], da qual faço parte desde jovem, me deram o conselho de levar o máximo possível de mim mesmo a um personagem, para que ele fosse ancorado em um senso de realidade. Eu e Doug não somos nada parecidos. Eu sorrio o tempo todo. Ele nunca. Eu bebo feito louco. Ele não. Não matei ninguém (risos). Acredito que há um homem bom em Doug, com uma humanidade que começa a ser apresentada na terceira temporada, quando ele aparece com a família. A questão é que esse lado dele não é o que faz vibrar porque, com Frank, tem um cargo dos mais importantes para os EUA. E escolhe manter todo o resto contido, para que consiga fazer um bom trabalho.

Então, você vê um Doug bom?
Doug fez o que fez. É culpado, mas entendo o que fez por Frank. Frank iria morrer. E ele fez uma escolha por este homem que conhece, acompanha, ama (não sexualmente), respeita acima de tudo e a quem escolheu servir. Ele morreria. A escolha foi simples. Não estou dizendo que escolheria do mesmo jeito, mas para Doug foi. Ele sabe que fez a coisa certa. Só que sente culpa e tenta ficar limpo (fazendo a doação a um instituto após burlar a lei). Mas algo acontece e ele fica mais obcecado.

O que você acha que motiva tanta lealdade em Doug?
É o que mais gosto nele, a lealdade. Doug é amigo de Frank há tempos. Acho que é a única pessoa na qual Frank confia de verdade, como pudemos ver na quarta temporada. Ele só tem Doug agora. A lealdade vem do desejo de ser o melhor no que faz. Em tudo que se envolve, fica viciado.

O crescimento do personagem foi uma surpresa?
Não. Rachel Brosnahan, que interpreta Rachel Posner, ficaria na temporada por três cenas, em dois episódios. Seria ferramenta de Doug para derrubar Peter Russo (Corey Stoll), mas eles tiveram uma excelente química. Os roteiristas começaram a explorar isso. E surgiu uma química entre nós… Eles deixaram rolar e ela se tornou grande personagem. Os autores são abertos ao desenvolvimento orgânico da série. Sinto-me grato por interpretá-lo e pelos roteiristas escreverem como o maior presente que um ator poderia ter.

Estar em House of cards mudou sua visão sobre a política?
Estudei ciência política até que me dei conta de que a atuação era algo mais interessante. Adoro política.

O perfil de House of cards acompanha a crise no Brasil, a julgar pelo tuíte da quarta-feira. Você sabe o que ocorre no país?
Vi o tuíte. E leio sobre a crise no Brasil desde de que era apenas financeira e, depois, quando se transformou em política. Acompanho, mas não o suficiente para emitir opinião.

Sobre a política do seu próprio país, você comenta...
Já me meti em confusão por isso.

Por se manifestar contra a candidatura Donald Trump?
Apenas penso que nosso país deve ser representado por uma pessoa com decoro, conhecimento e respeito por todos. É a base do nosso país: respeitar todas as raças e sermos abertos. Ter alguém que não representa isso não é adequado.

A jornalista viajou a convite da Netflix

 



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