TV Netflix abre a temporada do fogo amigo com estreia de Demolidor Nova temporada da série original antecede dois filmes em que os mocinhos não se bicam

Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/03/2016 09:11 Atualizado em: 18/03/2016 09:23


Justiceiro (Jon Bernthal, em pé) e Demolidor em imagem da nova temporada de Demolidor. Foto: Netflix/Divulgação
Justiceiro (Jon Bernthal, em pé) e Demolidor em imagem da nova temporada de Demolidor. Foto: Netflix/Divulgação

Buenos Aires - "Só o inimigo não trai nunca". O conceito de amigo-inimigo - amplamente estudado por filósofos e cientistas políticos, de Platão a Carl Smichtt, passando por autores, como o pernambucano Nelson Rodrigues, dono da frase acima - é argumento nos roteiros de três grandes estreias no ecossistema da cultura pop: os longas-metragens Batman vs Superman e Capitão América: Guerra Civil, além da segunda temporada de Demolidor, série original da Netflix. Os três são pratos cheios para ramos das ciências humanas, da psicologia à sociologia.

Dirigido por Zack Snyder, Batman vs Superman estreia no próximo dia 24 com o mote do fim da aposentadoria do Homem Morcego (Ben Affleck) para dar cabo à mania de endeusamento ao colega de Krypton (Henry Cavill). “Vinte anos em Gotham. Quantos homens ainda permanecem bons? Ele tem poder para dizimar toda a raça humana. Preciso destrui-lo”, argumenta Batman nos trailers lançados pela Warner.

Quase um mês depois, em 28 de abril, será a vez de Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans), liderar um movimento de esquerda ao registro obrigatório de heróis proposto pelo governo e fomentar um racha ideológico feroz e inflamado. Em Capitão América: Guerra Civil quem lidera o grupo de “direita” é um “ex-amigo”, Tony Stark, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.). “Se não aceitamos limitações, não somos melhores que os caras maus”, diz Stark para Rogers. “Não é assim que vejo”, é a resposta do Capitão.

Saiba mais sobre o passado de Justiceiro e Elektra

Os 13 novos episódios de Demolidor, no entanto, precedem os filmes no desafio aos conceitos de amizade e maniqueísmo e entram em streaming nesta sexta-feira (18). No segundo ano do seriado mais visto da Netflix em 2015, Matt Murdock (Charlie Cox) confronta Justiceiro, codinome de Frank Castle (Jon Bernthal), e Elektra Natchios (Elodie Yung).  Os dois personagens são motivados por vingança. Ele, condecorado fuzileiro de elite que perde a família para a máfia de Hell’s Kitchen ou Cozinha do Inferno, vizinhança não apenas de Demolidor, mas de Jessica Jones e Luke Cage. E passa a usar o treinamento militar de terra, ar e água (sem nenhum superpoder) para infiltrar em cartéis, deixando cadáveres dos criminosos no caminho.

Elektra perdeu o pai em uma ação terrorista e perde a fé na justiça e na polícia. Ambos são versões sombrias de Matt Murdock, tornam latente a culpa dele por usar violência na “linha de trabalho” e, portanto, estão fora da “zona da amizade”.  “Para mim você é alguém que deixa o trabalho incompleto. Um covarde”, dispara Justiceiro para Demolidor. “Não cabe a nós escolher quem morre”, responde o Diabo de Hell’s Kitchen.

O viés “heróis brigando entre si” está em voga, mas vem sendo explorado nos quadrinhos desde os anos 1960, pela Marvel, com superpoderosos como Hulk e Coisa, por exemplo, em duelo épico. Apenas 20 anos depois, a DC Comics - maior concorrente da Marvel no mercado de edição de quadrinhos - enveredou pela mesma seara, com a estreia da saga The dark knight returns, de Frank Miller, que traz o embate entre Batman e Superman. Nesta linha, um dos lançamentos mais recentes veio em 2010, quando a DC colocou nas prateleiras Batman vs Robin. 

“São personagens que têm um estrada, alguns são dos anos 1930. O que significa uma longa exposição e repetição de tramas. Uma saída encontrada pelos roteiristas dos quadrinhos foi substituir os vilões por outros heróis e por isso eles enfrentam a si mesmos”, defende Wellington Srbek, pesquisador, quadrinista e roteirista que também coordena o selo de HQs Nemo, da Editora Autêntica. “E as brigas deles criam várias representações, como Batman e Superman como paralelos entre as trevas e a luz, nos anos 1980”, completa. (A jornalista viajou a convite do Netflix)



+ superbrigas
Listamos alguns dos heróis que são praticamente inimigos

Hulk x  Coisa
Representando os que nem são amigos tampouco inimigos, Hulk e Coisa. Apesar de terem certa empatia um pelo outro, os monstros da Marvel não se bicam desde que o gigante verde foi confundido com um vilão pelo Quarteto Fantástico. A primeira delas foi na revista Quarteto Fantástico V1#12, de 1963.

Wolverine x Ciclope
Eles trabalham com o mesmo uniforme dos X-Men, mas não se engolem. E tudo por causa da telecinética Jean Grey. Reza a lenda que ela nunca sucumbiu aos encantos de Wolverine, apesar de ter uma queda pelo jeitão selvagem dele. E prefere o amor confortável com Ciclope.

Magneto x Xavier
Está certo que Magneto é um poderoso que vive no limite da vilania, como ocorre com o próprio Justiceiro, mas o mutante que controla metais e o Professor Charles Xavier têm um passado em comum. O que os separa é a forma de encarar o relacionamento com humanos. A primeira batalha foi em X-Men V1 #1 (1963).



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