Drama Filme Ausência, com Irandhir Santos, já pode ser assistido em casa Com quatro kikitos, longa-metragem venceu o Festival de Gramado e também participou do Festival de Berlim, mas não foi exibido nos cinemas do Recife

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 23/02/2016 07:53 Atualizado em: 22/02/2016 18:24

Com direção de Chico Teixeira, o filme retrata o processo de amadurecimento de um adolescente. Foto: Imovision/ Divulgação
Com direção de Chico Teixeira, o filme retrata o processo de amadurecimento de um adolescente. Foto: Imovision/ Divulgação
 
Apesar de ter vencido o Festival de Gramado em 2015, da participação no Festival de Berlim e da presença do pernambucano Irandhir Santos no elenco, Ausência nunca foi exibido em Pernambuco. O longa-metragem, dirigido por Chico Pinheiro, já estreou e saiu de cartaz em outros estados brasileiros, mas os pernambucanos não puderam vê-lo em uma tela de cinema por causa das contradições do mercado exibidor. Em compensação, o filme pode ser visto em casa, pois ganhou um bom lançamento no circuito doméstico e já está disponível nos serviços de exibição da Net Now, iTunes, Google Play e GVT.

O personagem principal é um adolescente de 15 anos de idade que vive com a mãe em um centro urbano do interior de São Paulo. Depois que o pai abandona a família, ele vira o homem da casa e precisa trabalhar para ajudar a pagar as contas, além de ajudar na criação do irmão mais novo.

O menino é interpretado por Matheus Fagundes, vencedor do Troféu Redentor de Melhor Ator no Festival do Rio. A mãe dele é vivida por Gilda Nomacce, que teoricamente é coadjuvante no filme, mas tem uma presença poderosa a ponto de ficar na memória como um das figuras centrais. Irandhir aparece como um professor, amigo do garoto. A relação de amizade entre os dois cresce demais, a ponto de tornar-se preocupante.

Ausência é extremamente preciso na maneira como apresenta as problemáticas sem induzir a julgamentos ou dramas acentuados. O filme deixa tudo no limite das leituras pessoais e expectativas do público. Questões graves são abordadas com um equilíbrio cirúrgico. Nunca passa do ponto. Tudo é sutil e ao mesmo tempo contundente. O roteiro parece ter sido trabalhado cuidadosamente ao longo de anos para evitar deslizes, irresponsabilidades, sugestões de preconceito ou direcionamentos precipitados.

A formação do protagonista é o grande tema, seja em relação ao trabalho e às responsabilidades familiares ou sobre a definição da identidade sexual. O personagem é personificação do estágio da adolescência, já que ele claramente ainda não virou adulto e nem deixou completamente de ser criança.


Ausência teve uma carreira atípica em festivais de cinema. O filme foi exibido pela primeira vez em outubro de 2014 no Festival do Rio, onde ganhou o prêmio especial do júri e o Troféu Redentor de Melhor Ator. Depois, foi selecionado para o prestigiado Festival de Berlim, na mostra Panorama (junto com os brasileiros Sangue azul e Que horas ela volta?). Em seguida, foi o grande vencedor do Festival de Toulouse, principal mostra europeia dedicada ao cinema latino-americano. Dez meses depois da primeira exibição, tornou-se o grande vencedor do Festival de Gramado, com quatro kikitos (melhor filme, direção, roteiro e trilha sonora).

Além da presença fundamental  de Irandhir Santos, Ausência teve a participação de outros artistas que já colaboraram diretamente com o cinema pernambucano, como o diretor de arte Marcos Pedroso (de Cinema, aspirina e urubus e Era uma vez eu, Verônica), o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo (de Tatuagem, O homem das multidões e Brasil S/A) e a montadora Vânia Debs (de Baile perfumado, Árido movie, Deserto feliz e A história da eternidade), além de Marcelo Gomes, que participou do roteiro.

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