Cinema GRAMADO 2015: Noite de terça teve sexo implícito e explícito no festival Curta pernambucano Virgindade e longa cubano Venecia fizeram preparação erótica para as sutilezas do longa-metragem Ausência

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 12/08/2015 11:45 Atualizado em: 12/08/2015 11:59

Marília Pêra recebeu homenagem. Foto:Igor Pires/ Agência Pressphoto/ Divulgação
Marília Pêra recebeu homenagem. Foto:Igor Pires/ Agência Pressphoto/ Divulgação
 
Filmes que abordam questões de sexualidade predominaram no Festival de Gramado na programação da  terça, quando foi exibido o curta Virgindade, único representante de Pernambuco deste ano.

O longa-metragem Ausência (SP), de Chico Teixeira, encerrou noite com a história de um menino de 15 anos que torna-se "o homem da casa" ao passar a viver com a mãe e o irmão caçula após a separação dos pais. O momento de mudança coincide com o afloramento dos desejos sexuais do adolescente, que vive uma frustração amorosa com uma paquera, sofre bullying de colegas na feira onde trabalha e vive uma intensa amizade com um professor adulto (interpretado por Irandhir Santos). É um filme bastante construído a partir do que não é dito pelas palavras e do que não é mostrado na tela. As latências sexuais são transmitidas de forma bastante implícita, com elementos edipianos potencializados pelas relações comportamentais masculinas e pela ausência da figura paterna.

Exibido logo antes, Virgindade interferiu sobre a interpretação da plateia sobre Ausência. O curta de Chico Lacerda, narrado em primeira pessoa, resgata as memórias sexuais da infância e da adolescência de um rapaz (a voz é do próprio diretor). Ele descreve as primeiras vezes em que sentiu tesão e começou a buscar as primeiras experiências eróticas com homens. No início, os relatos são ilustrados por locais do Recife que marcaram esses momentos, como paradas de ônibus e cinemas (um deles transformado em uma loja de eletrodomésticos). A partir de determinado ponto, surgem na tela imagens de detalhes de corpos nus.

Antes dos dois filmes brasileiros, o público assistiu ao longa-metragem cubano Venecia, que retrata uma noite de farra vivida por três amigas. Enquanto bebem bastante rum e vinho, elas trocam confissões sobre sexo e aventuram-se em uma festa de música eletrônica, depois de almoçarem em um restaurante relativamente caro e circularem em brechós: "Saudades da União Soviética... Éramos felizes e não sabíamos", diz uma delas a respeito dos vestidos elegantes encontrados na garimpagem. Outra diz que Hotel California foi a música que mais marcou sua vida. O sexo é manifestado nas conversas quase o tempo inteiro e surge de forma intensa e explícita em uma cena no banheiro de uma boate.


O primeiro curta da noite não era sobre sexo mas também tinha um curioso depoimento sobre o assunto. Sêo Inácio (ou o cinema imaginário) acompanha a rotina e expõe as ideias de um senhor solitário que vive em um apertado labirinto particular com milhares de livros e DVDs no interior do Rio Grande do Norte.

A projeção dos filmes funcionou com a imagem perfeita, sem os problemas apontados por cineastas nas noites anteriores.

Marília Pêra foi homenageada na noite com o Troféu Oscarito, dedicado ao conjunto da carreira da atriz. O prêmio foi entregue pelos filhos dela. "Ser ator é uma liberdade sem fim. Podemos ser e sentir o que quisermos. É um trabalho nobre e arriscado", observou a estrela, que esteve em clássicos do cinema brasileiro como Pixote, Central do Brasil e Bar Esperança.


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