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Doença da Urina Preta

Ministério Público de PE investiga a causa da contaminação do peixe que matou veterinária no Recife

Publicado em: 12/03/2021 16:29 | Atualizado em: 12/03/2021 16:51

 (MPPE/Divulgação
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MPPE/Divulgação
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um procedimento investigativo para apurar o que ocasionou a contaminação do peixe que levou a óbito a médica veterinária Pryscila Andrade. A médica ficou internada em um hospital particular do Recife, antes de falecer no último dia 2 de março, após apresentar sintomas provocados pela Síndrome de Haff. A doença é popularmente conhecida como “doença da urina preta”, que é uma intoxicação causada pelo consumo de peixe da espécie arabaiana.

De acordo com o MPPE, numa audiência virtual conduzida por promotores de Justiça de Defesa do Consumidor, com participação de autoridades sanitárias, representantes do setor de alimentação, pesca, além da comunidade acadêmica de Pernambuco, na última quarta-feira (10), buscou entender a situação em torno da doença.

“Estamos realizando essa discussão dentro da área do consumidor, considerando a relação de consumo entre o que aconteceu em nosso Estado e a aquisição do pescado de tipo arabaiana. Realizamos a audiência com diversas autoridades da esfera federal e também estadual, bem como tivemos uma troca muito importante com a comunidade acadêmica especializada no assunto e com isso pudemos entender todas as nuances em torno da doença", disse a titular da 18ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital (PJDCC), Liliane Fonseca.

Em nota, o Ministério Público de Pernambuco esclareceu que o objeto da reunião é entender o que causou a contaminação. “Não é objeto dessa atuação investigar a morte da veterinária, mas o que causou a contaminação do peixe e quais iniciativas os órgãos podem adotar para rastrear os produtos de origem animal e evitar novos casos”, ressaltou.

Durante a audiência, foi destacado que a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro), realize uma “maior divulgação sobre as medidas que estão sendo tomadas pelo Estado, bem como remeta toda as informações sobre o caso ao MPPE”.

O MPPE divulgou que um inquérito também foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF) e que o Ministério da Agricultura e Pesca Agropecuária (MAPA) foi oficiado para realizar a rastreabilidade do lote do peixe de tipo arabaiana no Estado do Pará, cujos dados serão encaminhados amostras para a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa).

O Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE), segundo o MPPE, ficou de encaminhar um relatório de análise do peixe arabaiana que causou a Síndrome de Haff na médica veterinária.

 ( Reprodução/Instagram)
Reprodução/Instagram

Entenda o caso

A veterinária Pryscila Andrade de 31 anos deu entrada num hospital particular em Boa Viagem, Zona Sul do Recife no dia 17 de fevereiro deste ano, após comer o peixe durante um almoço na casa da irmã. Cinco horas depois, os primeiros sintomas da Síndrome de Haff começaram a aparecer e a médica teria ligado para a mãe informando que não se sentia bem. Durante a conversa, segundo a empresária Betânia Andrade, mãe da vítima, a filha começou a gritar pedindo socorro e relatando dores. Priscyla Andrade passou 13 dias internada após intoxicação causada por consumo de peixe arabaiana, até falecer no dia 2 de março de 2021.

De acordo com médicos e pesquisadores da área, a enfermidade pode levar à degradação de músculos e a outros sintomas mais graves, como insuficiência renal. A Síndrome de Haff é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina capaz de causar necrose muscular, ou seja, a degradação dos músculos.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que de 2017 a 2021 foram registrados 15 casos da síndrome em Pernambuco - 10 já confirmados e outros cincos, ocorridos neste ano, ainda sob investigação. Em caso de suspeita, o paciente deve procurar atendimento, relatar a sintomatologia e o histórico de consumo de pescados. A investigação epidemiológica de cada caso é feita pelas secretarias de Saúde municipais, com apoio da SES-PE.

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