Estudo

Cemitério em Olinda será palco de estudo sobre Aedes aegypti

Parceria entre Olinda e Centro Aggeu Magalhães utiliza Cemitério de Guadalupe para testar dispositivo que pode conter a proliferação do mosquito

Publicado em: 09/05/2018 11:40

Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
O Cemitério de Guadalupe, em Olinda, será cenário de testes de uma nova ferramenta de controle da proliferação do Aedes aegypti. De forma pioneira, o local foi escolhido para abrigar um estudo com o Econtroles, dispositivo desenvolvido em Pernambuco que pode substituir as ovitrampas para análise da densidade populacional do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. O trabalho será realizado a partir deste mês, em parceria com o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da  Fiocruz, e a prefeitura.

O Econtroles é uma solução de baixo custo que simula condições ideais para o depósito de ovos do Aedes. É uma criação do doutor em fisiologia vegetal Fernando Encarnação e se diferencia das ovitrampas, armadilhas tradicionalmente usadas para a investigação da densidade vetorial, por não necessitar de larvicidas. Em testes de laboratório, há um ano, a ferramenta mostrou-se eficiente para atrair fêmeas do mosquito. 

Os pesquisadores querem analisar, em campo, a eficácia. “Em laboratório, é tudo muito controlado. No campo, temos diversas fêmeas em idades diferentes e ciclos reprodutivos distintos. Também há mais variáveis, como temperatura, condições do Sol e do vento.  Queremos saber se a eficácia será maior, menor ou igual à das ovitrampas”, detalhou a pesquisadora do Departamento de Entomologia do Aggeu Magalhães, Cláudia Fontes. 

Serão colocados 30 Econtroles no cemitério. Parte deles ao lado das ovitrampas e o restante afastado. O cemitério foi escolhido, segundo o gerente do Centro de Vigilância Ambiental de Olinda (Cevao), Henrique Silva, por ser um meio suscetível à proliferação. “Há árvores, locais para depósitos. Além disso, tem cerca de 311 casas no entorno, com três mil moradores”, detalhou.

Outro motivo para a escolha é o trabalho prévio realizado com as ovitrampas. “O município já faz uma contagem de ovos. Temos essa série história que nos ajudará a avaliar se a ferramenta está ou não diminuindo a densidade das fêmeas”, complementou Cláudia. O estudo será realizado durante um ano. Nos primeiros seis meses, será feito recolhimento a cada das ovitrampas 15 dias. 

A cada quatro meses, a Fiocruz Pernambuco dará uma parcial dos resultados à prefeitura e ao criador da ferramenta. Na sexta-feira haverá um treinamento de 10 com biólogos, supervisores e agentes de endemias de Olinda. Até o fim do mês, os dispositivos serão instalados e começará o monitoramento. 

O objetivo final é tentar validar o Econtroles. Até agora, a ovitrampa tem sido a ferramenta mais utilizada e mais sensível para sinalizar a presença do Aedes. Mas não é recomendada para uso da população geral por dois motivos: a necessidade de larvicida, e a forma de controle rígida que exige para que não se transforme de armadilha em criadouro. A validação abriria a comercialização de uma ferramenta que pode ser manipulada sem a necessidade de ajuda profissional ou do poder público. 


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