Preconceito

Michele Collins presta depoimento sobre publicação em rede social no MPPE

Representantes dos povos de terreiro de Pernambuco moveram ação conta vereadora que criticou culto à Iemanjá

Publicado em: 03/03/2018 09:36

Vereadora utilizou entrada alternativa e não falou com jornalistas após ser ouvida no MPPE. Foto: Câmara Municipal do Recife / Divulgação
A vereadora do Recife Michele Conllins (PP) foi ouvinda na tarde desta sexta-feira (02) no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A audiência, que durou mais de duas horas, ocorreu para investigar se a progressista cometeu crime de violação à liberdade religiosa. A ação foi movida em 10 de fevereiro e teve como mote uma denúncia realizada por representantes de povos de terreiro do estado a partir de uma publicação da vereadora, que é de religião evangélica, em rede social, onde ela critica o culto à Iemanjá, orixá de religião africana.

Michele Collins, que também é presidente da Comissão de Direitos Humano da Câmara Municipal do Recife, compareceu ao MPPE às 14h e foi ouvida pelo promotor de Justiça Westei Conde. Representantes dos povos de terreiro também estiveram no local realizando manifestações com faixas contrárias à vereadora e apresentações de músicas.

Representantes dos povos de terreiro fizeram manifestação em frente ao MPPE durante depoimento de Michele. Foto: Obirin / Divulgação
Dentre as reivindicações dos povos de terreiro estava o respeito aos representantes da religião de matriz africana e de outras religiões. "Uma pessoa eleita pelo povo, a vereadora mais votada do Recife, que está à frente da Comissão de Direitos Humanos, feriu a Constituição. Iemanjá é a orixá do candomblé, mas também da umbanda e de várias outras religiões de matriz africana", declarou Pai Júnior, babalorixá do Terreiro Axé Talabi, em Paulista.

Por não ser uma audiência pública, não houveram registros da imprensa. A vereadora não falou com os jornalistas, entrou e saiu por uma entrada alternativa. Segundo o Ministério Público, os povos de terreiro do estado serão ouvidos no dia 21 de março.


Arquivo do Processo

Após a repercussão do caso, dois adovgados entraram com representação contra Michele na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O vereador Romero Albuquerque (PP) foi o relator do processo e conseguiu, por unanimidade, arquivar a representação contra a parlamentar.

A justificativa dada por Romero, que apoiou o arquivamento do processo, é de que Michele é líder cristã integrante de uma denominação protestante, de modo que, nos termos do Código de Ética e Decoro Parlamentar, não cabe à Comissão Disciplinar apurar condutas e comportamentos praticados por vereador fora do exercício da atividade parlamentar.

 

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