Passeata Mães de crianças com microcefalia denunciam falta de assistência Cerca de 40 mulheres assinaram um documento entregue à Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, pedindo melhores condições no atendimento às crianças

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/07/2017 15:05 Atualizado em: 28/07/2017 10:33

O grupo de mães foi recebido pela coordenadora da Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, deputada Terezinha Nunes.
Foto: Mariana Fabrício/DP. (O grupo de mães foi recebido pela coordenadora da Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, deputada Terezinha Nunes.
Foto: Mariana Fabrício/DP.)
O grupo de mães foi recebido pela coordenadora da Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, deputada Terezinha Nunes. Foto: Mariana Fabrício/DP.

Um grupo de mães de crianças com síndrome congênita do zika vírus realizaram uma passeata na manhã de hoje pedindo melhores condições de atendimento para reabilitação e terapia multidisciplinar na rede estadual de saúde. De acordo com a União de mãe de anjos (UMA), que organizou a caminhada, somente esta semana ocorreram três mortes relacionadas a infecção respiratória.

"Por falta de reabilitação básica os bebês estão indo a óbito. Os medicamento não são cedidos pelo SUS, então as famílias além de viver em estado de miserabilidade, tem que custear remédios caros e difíceis de encontrar. O índice de mortalidade está aumentando. Somente nesta semana foram três óbitos e a impressão que a gente tem é que está indo um por um e meu filho pode estar na fila e pode chegar na vez dele. A realidade está muito difícil e no interior está caótico", conta Germana Soaraes, presidente da associação.

Mãe de Guilherme Soares, de um ano e oito meses, Germana conta que os casos de infecção respiratória foram agravados por falta de fisioterapeutas respiratórios nas unidades de saúde. "A criança acaba respirando a própria comida porque ela não sabe a engolir. E isso acontece por falta de assitência. Faltam fisioterapeutas. Meu filho toma três medicamentos apenas para a epilepsia. Gasto mais de R$ 300 por mês sem contar quando ele tem crise asmática", relata.

A experiência da auxiliar de padeiro Jaqueline Vieira de Souza, 26 anos, com o filho Daniel de Oliveira, de um ano e nove meses, é resultado da dificuldade em achar tratamento adequado, assim como medicamentos controlados que não são disponibilizados pelo SUS. Daniel recebeu tratamento com fonoaudióloga nos primeiros meses de vida e por falta de acompanhamento o quadro regridiu e a criança precisa de uma sonda para se alimentar.

"Houve um esquecimento da nossa realidade. No começo davam assistência e agora está mais difícil de encontrar terapia multidisciplinar adequada. Ele já foi internado várias vezes com febre e crise convulsiva. Agora ele não come mais pela boca e isso poderia ser evitado", diz.

O grupo de mães saiu do Parque 13 de maio até a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e foi recebido pela coordenadora da Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, deputada Terezinha Nunes.

"Vamos encaminhar as alegações ao governo do estado. A maioria delas reclamara que  não recebem atendimento imediato nos hospitais e que faltam vagas nas UTIs. Diante disto, a frente parlamentar vai cobrar a implantação Centro de Diagnóstico de Doenças Raras, prometido pelo governo do estado, e convocar o Ministério da Saúde para resolver o problema dos medicamentos", disse Terezinha.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) enviou nota se solidarizando com as famílias das três crianças com microcefalia que vieram a óbito nos últimos 15 dias. As crianças residiam dos municípios de Orobó, Arcoverde e Cabo de Santo Agostinho, e, de acordo com o órgão, recebiam acompanhamento de equipes multiprofissionais em serviços de referências.

Em relação ao atendimento de fisioterapia respiratória, a SES imformou que possui a especialidade em suas unidades de urgência e emergência e nos serviços ambulatoriais nas Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs) de Belo Jardim, Arcoverde, Petrolina, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.

Desde 2015, até o dia 15 de julho de 2017, foram notificados 2.357 casos suspeitos de síndrome congênita do zika/microcefalia, com 420 confirmações. No mesmo período foram notificadas 124 mortes de crianças com 17 confirmações para a síndrome.


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