Gabinete Português de Leitura é ponto de encontro da comunidade. Foto: Blenda Souto Maior/Arquivo DP.

O Recife é a segunda cidade do país em quantidade de associações que atendem à comunidade portuguesa residente no Brasil. Atrás apenas do Rio de Janeiro - que foi sede da colônia em 1763 e hoje soma 29 entidades -, a capital pernambucana mantém tradições da terrinha e gera contibuições à sociedade por meio dos trabalhos realizados em seis instituições genuinamente lusitanas. As atuações vão desde a área da saúde ao fomento da cultura ibérica entre os descendentes da comunidade formada por 4 mil portugueses.

Real Hospital Português, Gabinete Português de Leitura, Clube Português do Recife, Clube Esportivo Almirante Barrozo, Sociedade Eça de Queiroz, Conselho da Comunidade Portuguesa e Câmara Brasil Portugal são os “braços” dos portugueses no Recife. Os laços entre Pernambuco e Portugal podem ficar ainda mais estreitos este ano, com o término da construção da Casa de Pernambuco no Porto; espaço para intercâmbio cultural, acadêmico e científico que teve projeto lançado na década de 1990.

Enquanto a Casa de Pernambuco no Porto não abre, recifenses e portugueses têm como ponto de encontro o Gabinete Português de Leitura, na Rua do Imperador Dom Pedro II, bairro de Santo Antônio, área central do Recife. Foi de lá que surgiram as outras instituições lusitanas no estado. Fundado em 1850, o Gabinete foi dedicado a unir os portugueses do estado, incentivando o culto à pátria, o amor pelo Brasil e por Pernambuco. “Foi uma maneira de os portugueses retribuírem o acolhimento que receberam por aqui”, ressaltou a diretora cultural do Gabinete, Maria de Lourdes Hortas.

O Clube Português, que funciona no bairro das Graças, Zona Norte da cidade, foi criado em 1934 da necessidade de um local para os portugueses matarem a saudade de casa. “Preocupados com a saúde emocional dos jovens patrícios que nessa época deixavam Portugal e em número expressivo vinham para o Recife”, contou o vice-presidente do clube, João Ramos André.

Referência em serviços de saúde no Norte e Nordeste do país, o Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco nasceu em 1855, devido à epidemia de cólera. O dinheiro para a manutenção das atividades vinha dos próprios portugueses, que doavam inclusive roupas e travesseiros. Passada a cólera, o hospital foi transferido para o Sítio do Cajueiro, área que ocupa hoje. O RHP recebe uma média 100 mil carros por mês. Circulam pelos corredores 95 mil pessoas mensalmente. “O Recife é uma cidade abaixo do nível do mar, com difícil acesso a saneamento, então proliferam os problemas. O Português aqui foi timoeiro do desenvolvimento em saúde”, detalhou o provedor do RHP, Alberto Ferreira da Costa.

Instituições portuguesas no Recife:

1. Hospital Português
O Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco nasceu em 1855, para tratar pacientes acometidos por cólera. É hoje o mais completo centro de excelência médica do Norte e Nordeste do Brasil.

2. Conselho da Comunidade Portuguesa de Pernambuco
Surgiu no ano de 1935. Sua existência remonta às primeiras reuniões dos portugueses residentes do estado, dentre eles pessoas ligadas ao comércio, bancários e empresários do segmento da construção civil.

3. Clube Português do Recife
Fundado em 1934, o Clube Português do Recife surge como um espaço de reunião de todos os portugueses e luso-descendentes num ambiente propício à cultura física e ao desenvolvimento social.

4. Clube Esportivo Almirante Barrozo
Foi criado como atividade de entretenimento para jovens portugueses. Faz parte da história do remo em Pernambuco e mantém os encontros mensais voltados para a comunidade luso-brasileira, descendentes e amigos - a sardinhada.

5. Sociedade Eça de Queiroz
Prima pelo estudo e divulgação da obra literária e da vida do escritor português José Maria Eça de Queiroz. A entidade realiza reuniões trimestrais com os "Jantares Ecianos" (encontros lítero-gastronômicos).

6. Câmara Brasil Portugal
Fundada em 1995, a Câmara Brasil Portugal - Pernambuco é uma associação civil, sem fins lucrativos, fruto da disposição de um forte grupo de empresários em contribuir com a aproximação dos mercados Brasil e Portugal.

7. Gabinete Português de Leitura
Fundado em novembro de 1850 pelo cirurgião e jornalista João Vicente Martins, o gabinete promove a realização de solenidades, comemorações, conferências, exposição, cursos e projeções cinematográficas portuguesas.