Rastro Quadrilha deixa armas pesadas em carros queimados e abandonados durante fuga De acordo com a polícia, alguns dos armamentos têm capacidade para abater um avião

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/02/2017 12:38 Atualizado em: 21/02/2017 13:47

Quadrilha ateou fogo em veículos, realizou vários disparos de grosso calibre e explosões. Foto: Reprodução/ Facebook
Quadrilha ateou fogo em veículos, realizou vários disparos de grosso calibre e explosões. Foto: Reprodução/ Facebook
Durante a fuga, a quadrilha, composta por cerca de 20 homens fortemente armados que explidiu esta madrugada o cofre da transportadora de valores Brinks, no Recife, deixou um rastro seis veículos incendiados e outros quatro carros abandonados, além de diversas armas de grosso calibre. Em um carro deixado nas imediações da Avenida Recife foram encontrados uma metralhadora AK 47 e uma pistolsa .50, de acordo com a polícia, armamentos com capacidade para abater um avião. Às margens da BR-408, dentro do terreno da sede do clube campeste do Círculo Militar, que pertence ao Exército, nas imediações do Terminal Integrado de Passageiros (TIP) e da Arena Pernambuco, quatro carros foram abandonados, sendo dois caminhões, um veículo Sedan e uma picape. De acordo com a polícia, o local era de fácil acesso.

Dentro de uma caminhonete Hilux, os peritos encontraram um fuzil AK 47, arma russa de guerra. Em outro veículo foram encontradas armas e coletes à prova de bala. Dentro de uma das salas do posto de combustíveis invadido pelos bandidos para ter acesso à empresa, os peritos localizaram uma máscara de proteção contra gás, provavelmente deixada pelo grupo.

Durante a ação criminosa, o grupo fez um cerco de 360 graus e, para dificultar a perseguição, os bandidos espalharam grampos e queimaram veículos, entre eles o caminhão, bloqueando cinco áreas entre as avenidas Recife, Sul e na Ponte do Jiquiá. Por volta das 8h30, após realização da perícia, a Companhia de Trânsito e Transportes Urbanos (CTTU) conseguiu rebocar o caminhão queimado, liberando o pontilhão do metrô, que liga os bairros de Caçote e Areias e o viaduto Ulisses Guimarães, mais conhecido como viadiuto do Makro, onde foi abandonado um carro camuflado também utilizado na ação criminosa. O perito do Instituto de Criminalística (IC), Epaminondas Barros, adiantou ter coletado impressões digitais que serão encaminhadas para o Instituto Tavares Buril (ITB) com o objetivo de identificar os envolvidos.

Durante a realização das perícias dentro da empresa de segurança e transportes de valores Brinks, na Avenida Recife, os policiais encontraram um cilindro de gás utilizado na ação que explodiu o cofre, dando acesso aos valores armazenados no local. Diante do risco de explosão, o Corpo de Bombeiros foi acionado para o local. O cilindro foi retirado para uma área externa e, de acordo com a polícia, foi desativado, apesar do forte cheiro de gás.

Galpão
- Também esta manhã, a polícia localizou um galpão desocupado localizado na Rua Doutor Gustavo Pinto, no bairro de Jardim São Paulo, que há cerca de seis meses vinha sendo utilizado pela quadrilha. No local, foram encontrados o mapa da ação, várias máscaras de gás, maçarico, energéticos, munição de 556 e 762 e nove milímetros, rádio comunicador, fardas do Exército, água, coturnos, carregadores de celular, ferramentas e um spray preto utilizado pelos bandidos para camuflar um dos carros utilizados na investida.

Há informações de que, após receber denúncias de moradores, a polícia civil já vinha monitirando o local, que já havia sediado uma empresa de produtos químicos e uma distribuidora de peixes e crustáceos. Esta manhã, a delegada Ana Luiza Mendonça esteve no local, ao lado dos peritos do Instituto de Criminalística (IC).

Vizinhos, que não quiseram se identificar, disseram ter percebido uma movimentação discreta no galpão. "Quase não se via gente nem carro aqui. E os portões sempre fechados". Segundo eles, o galpão pertece ao dono de uma oficina de conserto de caixa de direção localizada no Ibura de Baixo, identificado apenas como Marco.

O assalto
Hoje, moradores da área acordaram apavorados com o som de diversos disparos de armamento pesado e explosões. A quadrilha, formada por cerca de 30 homens encapuzados e fortemente armados, invadiu um posto de combustíveis e explodiu o cofre daempresa de segurança e transporte de valores Brinks, na Avenida Recife. De acordo com informações extra-oficiais, os bandidos conseguiram acessar o cofre da empresa e levar uma grande quantia em dinheiro. Fala-se em cerca de R$ 60 milhões.

Por volta das 2h30, a Polícia Militar chegou ao local e houve troca de tiros com os integrantes da quadrilha, assustando moradores da localidade, que fizeram relatos nas redes sociais. Três PMs ficaram feridos. Dois deles foram socorridos ao Hospital da Restauração (HR) e um foi atendido no local, com tiro de raspão. Um PM levou um tiro no braço e o outro, na perna. O terceiro foi atingido de raspão na orelha. Todos passam bem. Apesar do confronto, ninguém foi preso até o momento.  Os policiais militares que entraram em confronto com os suspeitos acreditam que o grupo é formado por criminosos de outros estados, por terem ouvido sotaques do Sul e Sudeste do país. Na fuga, a quadrilha deixou cilindros de gás, armas e coletes. Além disso, comerciantes relataram prejuízos deixados pelos bandidos.

A investida, de grande porte, aconteceu no primeiro dia de trabalho do novo comandante da Polícia Militar, o coronel Vanildo Maranhão, no dia da posse do novo chefe de Polícia Civil, Joselito Amaral e em meio à operação padrão realizada pelos policiais e bombeiros, iniciada em dezembro do ano passado. Durante a operação de hoje, um PM chegou a criticar a falta de armamento da categoria, alegando que a frota utilizou fuzis emprestados do Exército para sair às ruas esta madrugada. Em entrevista à TV Globo, o coronel admitiu o uso de armamentos do Exército, mas garantiu que a frota está equipada para combater a criminalidade. Já a Polícia Civil só deve se pronunciar ao final da operação, realizada por uma força tarefa criada especialmente para investigar os cada vez mais recorrentes casos de assaltos e explosões a bancos, carros-fortes e empresas de segurança. 



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