Justiça Acusados de matar promotor serão interrogados hoje, no terceiro dia de julgamento Ontem, além do perito da Polícia Federal foram ouvidas cinco testemunhas de defesa e uma de acusação

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/10/2016 08:01 Atualizado em: 26/10/2016 09:29

O julgamento de três dos quatro acusados de assassinar o promotor de Itaíba, Thiago Faria Soares entra hoje no terceiro dia, no Fórum Artur Marinho, sede da Justiça Federal em Pernambuco, no Jiquiá. Estão previstos para esta quarta-feira os interrogatórios dos réus José Maria Rosendo, Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor da Silva. O quarto réu, José Maria Domingos Cavalcante teve o julgamento adiado para o dia 12 de dezembro porque o advogado dele, Émerson Leônidas, faltou à sessão sem justificativa. O quinto acusado, Antônio Cavalcante Filho, continua foragido.

Nos depoimentos realizados ontem, um perito da Polícia Federal apontou que a versão contada pela noiva da vítima, a advogada Mysheva Freire Ferrão Martins, 33 anos, foi confirmada na perícia realizada no carro onde aconteceu o crime. Carlos Eduardo Palhares Machado disse, ainda, que foram encontradas várias diferenças entre os laudos da PF e da Polícia Civil, esta última responsável pelo início das investigações. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o assassinato foi motivado por disputa pela posse das terras da Fazenda Nova, em Águas Belas, fartas em água mineral, pasto para gado e madeira.

Uma das diferenças entre os dois laudos diz respeito ao número e à dinâmica dos disparos. Segundo o perito federal, o laudo aponta sete tiros e não cinco, como afirmou a Polícia Civil. Além disso, a PF afirmou ser possível Mysheva ver o autor do primeiro disparo na posição em que ela estava, ao contrário da conclusão da Civil pernambucana.

Ontem, além do perito, foram ouvidas cinco testemunhas de defesa e uma de acusação. Entre as de defesa, o inventariante da Fazenda Nova, Carlos Ubirajara, também cunhado do réu José Maria Pedro Rosendo, apontado como mentor do crime, além do pai e irmão de Adeíldo Ferreira dos Santos, tambem réu no processo.

Na avaliação dos procuradores do Ministério Público Federal, Ubirajara caiu em contradição durante o depoimento e por isso foi pedida a instauração de um processo policial para apurar falso testemunho prestado por ele. A decisão está nas mãos dos jurados e deve ser anunciada ao final do julgamento.
A acusação arrolou apenas uma testemunha, Cláudia Tenório Freire de Melo, tia de Mysheva e antiga administradora da Fazenda Nova. No depoimento ela disse ter ouvido falar da fama de violento de Rosendo. Disse ainda que, no dia do sepultamento de Thiago Faria, soube que Rosendo teria comentado com um conhecido que ia estourar a cabeça do promotor.

O promotor André Rabelo, do Ministério Público de Pernambuco, diz não haver dúvidas de que os ânimos entre a vítima e os assassinos foram acirrados em razão do “comportamento indevido” de Thiago Faria, que usou da influência do cargo para interceder em favor da noiva, que disputava a posse de 32 hectares da Fazenda Nova. “Isso não posso negar. Mas o promotor pagou com a vida. Além de matá-lo, querem acabar com a imagem dele?”, questionou. Thiago Faria foi removido compulsoriamente de Itaíba para Jupi após considerar-se suspeito para julgar 14 processos envolvendo parentes da noiva. “O MPPE buscava proteger a vida dele. A região é complicada. As pessoas com quem Thiago estava tinham histórico de violência e crime”.

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