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Violência Universitário é baleado no rosto após ter carro roubado na Estrada de Aldeia O pai do estudante, o médico Gláucio Veras, criticou a falta de assistência ao filho: "Não é a primeira vez que isso acontece e providência que é bom, é zero"

Por: Patrícia Fonseca - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/07/2016 10:55 Atualizado em: 28/07/2016 12:49

Moradores de Aldeia estão se mobilizando para cobrar medidas contra a violência no bairro. Foto: Marcos Pastich/Aqui PE/Arquivo
Moradores de Aldeia estão se mobilizando para cobrar medidas contra a violência no bairro. Foto: Marcos Pastich/Aqui PE/Arquivo

Um estudante de Direito de 22 anos foi baleado no rosto no início da manhã desta quinta-feira após ter o carro roubado na Estrada de Aldeia, em Camaragibe. De acordo com o 20º Batalhão da Polícia Militar, que atende a área, a tentativa de latrocício aconteceu por volta das 5h, na altura do quilômetro 3,5 da PE-27. João Lucas Uchôa de Siqueira foi socorrido para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, de lá, para o Hospital Português, no Recife. Ainda segundo a PM, o veículo foi encontrado na área do 11º Batalhão, na Zona Norte do Recife.

O pai dele, o médico neurocirurgião e advogado Gláucio Veras, disse que o filho voltava para casa quando foi abordado por dois homens em uma motocicleta e, apesar de não ter reagido, foi baleado no rosto e deixado caído no chão. Consciente e orientado, João será submetido a uma cirurgia para então ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Segundo o pai, a bala atingiu a face e saiu no pescoço e o procedimento será realizado para suturar a faringe, que ficou aberta. "Meu filho disse: 'painho, eu não reagi'. Já tinha havido um tiroteio em outro local e eles chegaram, tomaram o carro, atiraram e jogaram meu filho no chão. Em plena luz do dia, com gente, ônibus, carro, tudo passando. Não é a primeira vez que isso acontece e providência que é bom, é zero", cobrou o médico, que mora com a família há 22 anos em Aldeia.

Além da questão da insegurança, o neurocirurgião indigna-se também com a falta de assistência à saúde. "Primeiro existe uma má orientação. Um caso de trauma não deveria ter sido levado para a UPA. Eu e minha mulher, que é enfermeira, chegamos na UPA e encontramos o médico pedindo pelo amor de Deus por uma senha para a ambulância levar meu filho. Arranjamos uma ambulância sem soro e dois colegas da UPA vieram. Uma outra ambulância do 192 simplesmente foi na frente abrindo caminho porque a ambulância que meu filho estava não tinha sirene. Tenho 64 anos, trabalho em hospitais há muitos anos e nunca vi um negócio desse. A gente só ouve falar em Olimpíadas e o país está essa merda. Vou tomar providências", avisou o pai, revoltado.

Outro caso em Aldeia
Na tarde do dia dois de julho, o idoso Nilton José Dias, de 62 anos de idade, foi morto ao tentar reagir a um assalto em uma farmácia, em Aldeia. Dois homens entraram armados mandando todos se deitarem no chão. A vítima teria tirado uma faca de dentro da bolsa para se defender quando um dos assaltantes disparou no rosto dele. A Pharmaldeia, onde aconteceu o crime, funciona no Km 10 da Estrada de Aldeia e cinco pessoas estavam no local quando tudo aconteceu. O assalto foi por volta das 17h. Após disparar contra a vítima os dois homens fugiram levando R$ 350. O estabelecimento pertence a um sargento reformado da PM e já foi alvo de assaltos outras vezes.

A insegurança sentida pelos moradores, frequentadores e comerciantes de Aldeia motivou uma reunião realizada na noite da terça-feira passada no Clube de Campo da Polícia Militar, no quilômetro seis da Estrada de Aldeia. Mais de cem moradores de Aldeia, entre eles lideranças comunitárias, síndicos de condomínios e empresários locais para cobrar atitudes do poder público foram ao encontro covocado pelo Fórum Socioambiental de Aldeia convocou autoridades de segurança.

A ideia foi expor a situação e reivindicar ações enérgicas e imediatas. Participaram do encontro o secretário-executivo da SDS, Alexandre Lucena; o comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar , coronel Eduardo Amorim; o diretor do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), coronel Mario Antonio Medeiros Vidal; o secretário de Segurança Cidadã e Mobilidade da Prefeitura de Camaragibe, coronel Meira; o comissário da Polícia Civil Josiel Gomes, representando a delegada de Camaragibe, Josineide Confessor; a representante da Secretaria de Desenvolvimento Social Criança e Juventude do estado de Pernambuco  -  Governo Presente, Maria José de Castro e secretária de Assistência Social da Prefeitura de Camaragibe, Daniele Monteiro.

"Não têm sido poucos os eventos de roubos, violência e desrespeito à vida e à propriedade que vêm acontecendo nesta ainda, digamos assim, pacata parte da Região Metropolitana do Recife. No contexto mais amplo Aldeia ainda pode ser considerado um lugar tranquilo, entretanto em processo acelerado de crescimento que impõe transformações significativas em seu estado de ser e de convivência.  A violência como consequência vem junto. Problemas sociais se agravam e a visibilidade do bairro aumenta", diz o convite do evento.

No dia 10 de julho, um grupo de moradores organizou um ato pacífico para chamar a atenção para o problema do aumento da criminalidade na região. O ato contou com o apoio do Fórum Socioambiental de Aldeia, que agora propõe que o problema seja discutido amplamente.



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