Comportamento Moradores tranquilos, mas turistas assustados após fuga na Barreto Campelo Para os residentes de municípios próximos, não há nada de novo com a fuga na penitenciária

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/01/2016 19:51 Atualizado em: 22/01/2016 20:47

Estrada que liga a penitenciária ao Centro de Itamaracá é deserta e cheia de vegetação. Foto: Brenda Alcântara/DP
Estrada que liga a penitenciária ao Centro de Itamaracá é deserta e cheia de vegetação. Foto: Brenda Alcântara/DP
Para os moradores de Itamaracá e Itapissuma, nada de mudança na rotina após a fuga em massa de 53 detentos da Penitenciária Barreto Campelo: apesar de mencionar “algum receio” em relação aos foragidos, a população afirma que não há clima de medo ou tensão nos municípios. A maior reclamação, no entanto, é a queda na quantidade de turistas, que afeta os que contam com o comércio para renda.

A feirante Geni Bezerra diz que os veranistas se afastaram. Foto: Brenda Alcântara/DP
A feirante Geni Bezerra diz que os veranistas se afastaram. Foto: Brenda Alcântara/DP
Em Itapissuma, a cerca de sete quilômetros do presídio, a feirante Geni Bezerra do Nascimento, que há 40 anos trabalha no local, conta que vendeu cerca de 70% a menos desde o ocorrido. “Não apareceram muitos veranistas por aqui esses dias. Pouca gente veio hoje, que é sexta”, conta, ressaltando que, geralmente, o movimento melhora durante o fim de semana. Para ela, no entanto, os turistas são mais afetados do que os moradores na cidade. “Hoje já não tem tanta polícia quanto nos dias anteriores, mas essa foi a maior mudança. Ninguém que eu conheço ficou muito assustado, não”. Comerciantes e funcionários de bares ao redor afirmaram o mesmo.

O sentimento é parecido em Itamaracá. A distância entre o presídio e a região central destas cidades – além do fato que o caminho para a penitenciária é deserto e repleto de vegetação – ajudam a manter a tranquilidade ente os residentes. A artesã Isabel Cristina Mafra é incisiva ao dizer que não há mudança no comportamento local. “Não é a primeira vez que isso acontece. Já aconteceram diversos problemas no presídio, e nunca houve nada por aqui. A gente não acha que o pessoal que foge do presídio venha para cá, não, nem que vá mexer com a gente. Não faria sentido continuar pela região depois de fugir”, opina.

A artesã Isabel Cristina afirma que não há mudança no comportamento da população após as fugas. Foto: Brenda Alcântara/DP
A artesã Isabel Cristina afirma que não há mudança no comportamento da população após as fugas. Foto: Brenda Alcântara/DP
Halinda Hermelinda mora há 26 anos em Itamaracá. “Pra mim está tudo normal, mas de algum jeito afeta a gente. Aqui é uma cidade tranquila, que tem assalto como em qualquer canto. O que a gente pensa é: será que quem fugiu tem a intenção de fazer algo errado aqui fora? Porque se realmente tivesse se arrependido, não acredito que teria fugido. Teria cumprido a pena e mudado”, divaga. “Agora o que acontece é que o pessoal de fora é mais afetado do que o pessoal daqui. O presídio é meio distante, não interfere muito no dia a dia, mas muita gente que vem pra cá de férias não sabe disso.”

As cadeiras de plástico próximas ao bar de Josemar Quinta, localizado próximo à praia da Ilha, recebiam clientes que observam o movimento de uma praça próxima, enquanto frevo tocava na rádio: para ele, o público continua cativo. “Boatos existem. A gente ouve histórias de que tem alguém por aqui, de que passaram pela cidade, ou foram presos. Mas até agora está tudo bem. Já tiveram outras fugas, mas as coisas não mudam por aqui.”

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL