Saúde
Artrite reumatoide acomete mais de 90 mil pernambucanos
Doença pode impedir a realização de atividades básicas. Diagnóstico rápido é fundamental para minimizar efeitos
Publicado em: 11/05/2015 19:56 Atualizado em: 12/05/2015 15:20
Rosicleide Silva, 41 anos, começou a sentir as dores em 2009 e foi diagnosticada com artrite reumatoide em 2010. Doença quase a deixou sem andar. |
Todos os dias, Rosicleide Silva, 41 anos, saía de casa cedo para fazer faxina em outras residências. Ao retornar, cuidava da filha deficiente. Em um dia normal de atividades, começou a sentir dores contínuas no braço, que logo se espalharam para o joelho e, com o tempo, mudaram seu cotidiano. Rosicleide tem artrite reumatoide (AR), doença autoimune que atinge dois milhões de brasileiros, entre eles 92 mil pernambucanos.
Era novembro de 2009, Rosicleide começou a sentir os primeiros sintomas. Em três meses, já não conseguia pegar peso nem se abaixar, e só andava apoiada em alguém. Precisou abandonar o trabalho e, por pouco, não perdeu a capacidade de cuidar da filha. Diagnosticada rapidamente, retomou algumas atividades. “Mas até hoje não consigo me abaixar.”
A pesquisa "Não ignore sua dor: pode ser artrite reumatoide", encomendada pelo laboratório Pfizer ao Instituto Ipsos, mostrou que no Recife o diagnóstico costuma ser mais rápido que na média nacional.
O estudo foi divulgado na semana passada, em São Paulo.
A rapidez no diagnóstico, que deve ser fechado em até três meses, é considerada imprescindível para evitar a progressão da doença, que provoca rigidez, deformidade articular e desgaste ósseo e leva a incapacidades como deixar de andar e não poder segurar uma xícara.
Assim como Rosicleide, 65% dos portadores de AR levam em média menos de um ano para saberem que têm a doença na capital pernambucana. O índice é maior do que capitais como São Paulo, onde fica na casa dos 60%, e o Rio de Janeiro, onde a taxa é de 43%. A média nacional é de dois anos e um mês.
No Recife, nenhum dos entrevistados demorou mais de cinco anos para saber que tinha AR, diferentemente das outras quatro capitais pesquisadas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre).
Vida profissional
O estudo apontou que 35% dos doentes têm a rotina profissional interferida pela AR. Em 10 anos, só metade segue no emprego em tempo integral. Daí a importância do diagnóstico em até 90 dias.
Além disso, de 30% a 40% desenvolvem problemas pulmonares, explica Rina Giorgi, da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Em um ano, costumam começar as lesões no osso.
“Ela não é só uma doença articular, tem comprometimento sistêmico. Cerca de 30 a 40% dos pacientes têm problemas pulmonares e 50% deles vão ter inflamações ou problemas oculares”, ressaltou Rina Giorgi.
O diagnóstico tardio acontece pela dificuldade de encontrar o médico certo. Na média se vai a três profissionais antes da confirmação. “É importante desconfiar das dores contínuas”, alertou o reumatologia do Hospital Sírio-Libanês, Cristiano Zerbini.
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Anvisa aprova novo remédio
A artrite reumatoide é uma doença que não têm cura nem causa definida, apenas fatores de predisposição conhecidos, como a genética e o tabagismo. Por causa disso, os pacientes precisam fazer o controle das dores e tentar evitar a progressão usando medicamentos para o resto da vida. Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do citrato de tofacitinibe para tratamento da AR no Brasil.
O medicamento deve entrar no mercado nesta semana, com o nome de Xeljanz, e é indicado para aqueles pacientes que não têm resposta aos tratamentos oferecidos atualmente. O remédio irá substituir o uso do tratamento via medicamentos biológicos, injetáveis, e será de uso oral.
O Xeljanz tem um mecanismo de ação diferente dos outros tratamentos, pois age dentro das células, neutralizando a ação da proteína janus quinase, que favorece o aparecimento da AR. Atualmente, a Pfizer dialoga com o Ministério da Saúde para oferta do medicamento na rede SUS.
"É um medicamento mais barato que os tratamentos oferecidos atualmente pelo SUS", ressaltou o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia.
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