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Hepatologista alerta sobre o perigo do consumo de chás e medicamentos para emagrecimento 'milagroso'

Publicado em: 23/03/2022 09:10

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
No último mês, foram à tona os casos de duas mulheres que morreram após complicações hepáticas causadas pelo consumo exagerado de remédios não autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que prometem emagrecimento milagroso de forma rápida. Com os acontecimentos, médicos especialistas voltam a chamar atenção da população sobre o perigo do consumo indevido de medicamentos. Até o momento, 140 chás e remédios foram proibidos pela Anvisa.

Segundo o médico gastroenterologista e hepatologista do Hospital Jayme da Fonte, Dr. Tibério Medeiros, a maioria dos chás, ervas e shakes são prescritos por profissionais de diversas áreas, sem um embasamento científico, com uma promessa de emagrecimento milagroso e com a crença de que essas substâncias não fazem mal à saúde. “O paciente coloca a sua saúde em risco sem apresentar a perda de peso prometida, além de sobrecarregar os rins, fígado, músculos e outros órgãos. Os casos graves de hepatites e morte pelo uso inadvertido desses ‘remédios milagrosos’ estão aumentando cada vez mais”, explicou Dr. Tibério. 

Esses materiais também são vendidos como remédio para retardar o envelhecimento e até para combater o câncer. Além de não possuírem nenhum respaldo médico, comprovação cientifica e aprovação da Anvisa, o perigo é potencializado devido a ervas tóxicas, ditas naturais, escondidas na fórmula. Os pacientes também podem optar pelo chá em capsulas, mais concentradas e que possuem uma grande associação de substâncias potencialmente danosas em apenas uma dose. Por não ser uma utilização regulamentada e não ter nenhum controle sanitário, as capsulas são ainda mais prejudiciais à saúde, já que não se sabe a constituição de cada uma delas.

Os pacientes podem apresentar diversos efeitos colaterais após o uso dos medicamentos, como cansaço, irritabilidade, insônia, fadiga muscular e ansiedade pelo uso do produto. Se o uso dos remédios milagrosos continuar, os sintomas podem evoluir para casos de insuficiência renal, hepatite medicamentosa, insuficiência hepática, agressão muscular e até câncer no fígado. 

Segundo o Instituto Brasileiro do Fígado, o país já apresenta um aumento preocupante no número de casos de insuficiência hepática provocados por DILI, conhecida como Drug Induced Liver Injury (lesão hepática induzida por drogas) e por HILI, a Herbal Induced Liver Injury (lesão hepática induzida por ervas). Em 90% dos casos, a medida mais eficaz de tratamento é a suspensão dos medicamentos, hidratação, remédios para aliviar os sintomas e evitar uma nova exposição às mesmas substâncias. Porém, existem casos que evoluem com falência hepática (parada de funcionamento do fígado). “É um problema que só o transplante de fígado poderá resolver e o paciente logo é inserido na fila de transplante. Mas os usuários desses medicamentos precisam entender que, por ser uma situação de extrema gravidade e urgência, nem sempre o transplante chega, pois não existe uma oferta diária de órgãos”, disse o especialista.

A reeducação de hábitos alimentares aliada à prática consistente de atividades física ainda constitui na ferramenta mais efetiva e segura para uma perda de peso saudável. Existem remédios aprovados pela Anvisa, mas possuem efeitos colaterais que não podem ser desprezados. O ideal é que o paciente passe por uma adequada avaliação médica com clínico geral, endocrinologista e nutricionista, para o melhor plano terapêutico para uma mudança em direção a um estilo de vida mais saudável segundo os seus objetivos seja criado. “O que eu costumo dizer aos meus pacientes é que se existisse um remédio mágico não haveria obesidade no mundo. Porém, estamos vivendo em uma sociedade onde a população está cada vez mais obesa e o consumo desses produtos nunca esteve tão alto”, finalizou o médico gastroenterologista e hepatologista.

Para perder peso de uma forma saudável e tratar de doenças causadas pelo uso de chás para emagrecer, é recomendado que o paciente procure centros médicos com referência em atendimento clínico, endocrinológico e hepatológico, como o Hospital Jayme da Fonte, que possui médicos especializados da área. O atendimento também é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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