Fórum Econômico Mundial

Bolsonaro discursa em Davos para apresentar 'novo Brasil'

Publicado em: 22/01/2019 11:54

Foto: Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro faz, nesta terça-feira (22/1), um esperado discurso no Fórum de Davos para apresentar o "novo Brasil" e atrair investimentos para uma economia em vias de recuperação.

"Estamos aqui para mostrar que o Brasil mudou", disse Bolsonaro na segunda à noite ao chegar à estação suíça, em sintonia com sua promessa de apresentar "um Brasil diferente, livre das amarras ideológicas e da corrupção generalizada", como afirmou o ex-militar no Twitter.

Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou suas novas previsões, com mais otimismo sobre o Brasil. Segundo o FMI, o país está no caminho da recuperação depois da recessão de 2015 e 2016. O Fundo antecipou um crescimento revisto para alta de 0,1 ponto percentual, até 2,5% em 2019.

Bolsonaro prometeu um discurso "muito curto", previsto para esta terça, às 12h30. "Demonstraremos que o Brasil pode ser um país seguro para os investimentos, em especial na área do agronegócio, que é muito importante para nós", afirmou Bolsonaro nessa segunda-feira.

"Nós queremos mostrar que o Brasil está tomando medidas para que o mundo restabeleça confiança em nós, que os negócios voltem a florescer entre o Brasil e o mundo, sem viés ideológico", disse Bolsonaro a jornalistas ao chegar ao hotel onde se hospeda na cidade suíça.

"[Queremos] mostrar que podemos ser um país seguro para investimentos, em especial para a questão do agronegócio, que é muito importante para nós. É o nosso commodity mais caro, queremos ampliar esse tipo de comércio", acrescentou.

"Para isso estamos aqui: para mostrar que o Brasil mudou", emendou. "Vai ser um discurso muito curto. Foi feito e corrigido por muitos ministros para que pudéssemos dar o recado mais amplo possível do novo Brasil que se apresenta com nossa chegada ao poder", antecipou Bolsonaro a jornalistas na Suíça.

No pronunciamento, espera-se que o presidente confirme seu programa de reformas estruturais, liderado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e que declare o Brasil "aberto aos negócios". "Não está claro se as ideias liberais de Guedes são compatíveis com o nacionalismo dos ex-militares que integram o gabinete de Bolsonaro", completa Binetti.

Sua estreia como presidente em um evento internacional ocorre em um momento em que aumenta a pressão sobre seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito, com posse prevista para 1º de fevereiro, vinculado a uma série de movimentações bancárias consideradas suspeitas.

Acompanha a comitiva presidencial o outro filho de Bolsonaro, o deputado federal por São Paulo Eduardo Bolsonaro, Paulo Guedes; e os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e da Justiça, Sérgio Moro, entre outras autoridades.

Davos reúne 3 mil empresários e líderes políticos entre terça (22/1) e sexta-feira (25/1). Este ano, o evento será marcado pela ausência de grandes líderes, como o presidente americano, Donald Trump; a premiê britânica, Theresa May; e o presidente francês, Emmanuel Macron - todos mergulhados em suas próprias crises domésticas.

Leia o discurso de Bolsonaro na íntegra: 

"Confesso que estou emocionado. Boa tarde a todos! Muito obrigado, professor Schwab! Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto. Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária. Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado. Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo. Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória.  Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica.  Temos o compromisso de mudar nossa história.
Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção.
Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós.
Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!
Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo.
Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis.
Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco. Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós. Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.
Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios.
Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.
Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE.
Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia. Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.
Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais.
Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos.
Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo.
Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia.
Tendo como lema "Deus acima de tudo", acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos.

Muito obrigado."
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