Crise política Que país é esse? Depois de passar por um processo de impeachment exaustivo, Brasil pode perder outro presidente em pouco mais de um ano

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/05/2017 12:58 Atualizado em: 21/05/2017 13:05

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Há três anos, o brasileiro tem a sensação de que os dias são todos iguais, com o dinheiro entrando em malas da classe política para sair do bolso dos trabalhadores. A crise que começou em 2014, no mesmo ano de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT), assumiu proporções sem precedentes para a geração atual. O Brasil enfrenta convulsões políticas e econômicas sem trégua. Depois de passar por um processo de impeachment, que começou em 2015 e terminou em 2016, o país assiste à ameaça de queda do presidente, Michel Temer (PMDB), e à derrocada do maior símbolo da oposição ao PT na última disputa presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB). Fundamental para o funcionamento da sociedade, a política brasileira está sem referências.

Uma nação mergulhada em escândalos e em corrupção

Estamos em maio de 2017. Dilma não perdeu os poderes sozinha depois de ser afastada do cargo. Seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, responde a cinco inquéritos da Polícia Federal. Aécio Neves viu a irmã e guru política, Andrea Neves, ser presa no último dia 18. E Temer foi gravado por um executivo da JBS, um dos homens mais poderosos do país, e escuta confissões de crimes sem reagir. O empresário Joesley Batista conta a Temer que pagava propina a Eduardo Cunha (PMDB), ressalta ter um procurador público em suas mãos e revela como está tentando barrar a Lava-Jato. O que o presidente faz? Comunica as autoridades depois? Reage? Não.

Até está sexta-feira, o presidente conseguiu conter a debandada de sua base política, mas não houve defesas enfáticas de seu governo. As ruas protestam, as redes sociais enfrentam a crise com memes bem-humorados - uma reação que se fortaleceu desde a derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo -, mas as brigas entre amigos também continuam. São três anos de queda de líderes políticos. É como se as peças de um boliche estivessem sendo acertadas por um iniciante. A bola chega aos pinos de forma aleatória. Os alvos são todos brancos, iguais. Só estão em posições diferentes.

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