Opinião Marly Mota: Sertanejo de gibão e chapéu de couro Marly Mota é escritora

Publicado em: 23/05/2017 07:24 Atualizado em:

Autentico homem do campo, Luiz Cristovão dos Santos, o conhecido escritor, folclorista, Bacharel em ciências jurídicas, jornalista, criou e dirigiu o Jornal Gazeta do Pajeu, foi deputado Estadual pela UDN, .nascido em Pesqueira, 25/12/1916, sertanejo de gibão e chapéu de couro, pelas aprazíveis campinas, do sertão pernambucano, ganhara a alcunha, que para sempre, lhe ficara no coração : Pajeu, sabia fazer do riso a sua alegria e dos outros também. Fundou em Pesqueira, o jornal Gazeta de Pajeu. Com méritos indiscutíveis recebeu vários prêmios: da A P L o Othon Bezerra de Mello, Medalha da Fundação Joaquim Nabuco, Cidadão do Recife em 1970, Wisconsin University, com %u201CO Brasil de Chapéu de Couro%u201D, Library of Illinois, em %u201CCaminhos do Sertão%u201D, Em 1973, com mérito Luiz Cristovão foi eleito, para ocupar à cadeira nº4. Mauro Mota, Presidente da Academia Pernambucana de Letras, recebeu-o com festa, saudando-o. O atual ocupante é o filósofo professor, Lourival Fonseca. Em 25/12 / 2016 ano do seu centenário, a cidade de Pesqueira, fizera-lhe uma bela comemoração. Pena que em nossa Academia Pernambucana de Letras, o centenário do seu nascimento tenha passado em branca nuvem.

Nossos amigos Luiz Cristovão e Marlene, sempre frequentes á nossa casa, nos presenteavam com queijos do sertão, as mangas primavera e cajus, vinham do jardim, da residência do Recife, à Rua Góes Cavalcanti, autêntica casa de fazenda, alpendrada, convidativa, onde os almoços entravam pela noite. Cristovão entre amigos, narrando histórias do sertão fazendo gírias na linguagem matuta divertia a todos. Com a sua notável %u2018mise en scéne,%u201D imitando os cacoetes de figuras sertanejas, do meio intelectual e de bichos, que na sua fantástica interpretação, passavam da fantasia à realidade.

O escritor Berilo Neves, recebeu no Brasil o Prêmio (1946) com o %u201CLivro Eça de Queiroz , romântico ou naturalista ?%u201D pg. 49, escreve: %u201C De Álvaro de Azevedo poeta byroniano, se diz que, fantasiando o seu livro: %u201CA Noite na Taverna, %u201C sentia tão ao vivo o que escrevia que a família ia encontrá-lo debaixo da mesa, com medo das suas próprias personagens. Neste mesmo livro pg. 60, o autor lembra os hábitos e supertições de Eça de Queiroz , citados por Antonio Cabral o mais completo e bem informado dos biógrafos do autor de %u201COS Maias%u201D (...) Era supersticioso, e por exemplo: Convidando-me para um passeio venatório, deparou com uma velha cega dum olho ! Parou e propôs-me regressarmos à casa. Embirrava com o piar das aves noturnas. Quando entrava em casa tinha o cuidado de pisar o primeiro degrau com o pé direito, e se porventura ao chegar ao de cima e último, ficava em dúvida, descia e repetia a subida.%u201D Lendo essas supertições lembrei-me das tias velhas , que não podiam ver a roupas às avessas , tesoura aberta, sapatos emborcados. Com elas adquiri esses presságios.

No meu apartamento em Casa Forte faço o meu jardim. Em vasos, cultivo violetas, e boas-noites brancas e vermelhas. Supertições á parte, entre os vasos conservo uma plantinha mágica: afasta o mal-olhado, atrai coisas boas e floresce no meu nome: Arruda.

Marly de Arruda Mota

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