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Pré-candidato da oposição em Timbaúba expõe dívida de R$ 98 milhões do município

Ulisses Felinto acusou atual gestor Marinaldo Rosendo de improbidade administrativa e má gestão com base em relatório do Tribunal de Contas do Estado

Publicado em: 18/05/2024 05:05 | Atualizado em: 16/05/2024 20:44

Pré-candidato à prefeitura de Timbaúba, Ulisses Felinto criticou atual gestão municipal (Rafael Vieira/DP)
Pré-candidato à prefeitura de Timbaúba, Ulisses Felinto criticou atual gestão municipal (Rafael Vieira/DP)
O ex-prefeito e novamente pré-candidato ao executivo de Timbaúba, Zona da Mata Norte de Pernambuco, Ulisses Felinto (Republicanos), acusou o atual gestor do município, Marinaldo Rosendo (PP), de improbidade administrativa e má gestão com criação de dívida de R$ 98 milhões.

As acusações foram apresentadas junto a auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) entre 2021 e 2023, que atestou uma gama de irregularidades. “Descobriram pregão eletrônico sem competitividade, indícios de superfaturamento em kits de alimentos e cestas básicas, contratações de empresas de ‘fachada’, superfaturamento na aquisição de materiais de limpeza, materiais hospitalares e medicamentos”, relatou Felinto.

Ainda se baseando nos relatórios, o ex-prefeito também acusou o opositor de pagamento excessivo de honorários advocatícios utilizando o precatório do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), movimentação em múltiplas contas bancárias de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), atribuição ilegal de função para o secretário de Educação, recolhimento não-integral de contribuições patronais ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e pagamento de encargos de recolhimento intempestivo das contribuições do RGPS, entre outras diversas irregularidades averiguadas pelo TCE durante o mandato de Rosendo.

“O Tribunal de Contas quem diz os crimes que fizeram. Ele [Rosendo] não tem medo. Até no dinheiro da previdência foi mexido, o que é seríssimo”, disparou Felinto. “Hoje, pelo ‘Tome Conta’, o município está com um déficit de R$ 98 milhões”, afirmou, se referindo à plataforma de transparência pública do TCE de Pernambuco.

De acordo com o pré-candidato, Rosendo também está atrasando o pagamento de salários e precatórios de servidores do município, não repassou as contribuições do INSS às devidas instituições, nem os recursos sindicais, que culminou no fechamento da sede do sindicato dos Trabalhadores em Educação de Timbaúba (SINDSET).

“Hoje, a cidade atrasa pagamento de funcionário. O pessoal falou de salário atrasado, e ele chegou na rádio dele e disse ‘está atrasado e vou pagar quando bem quiser, e se me aperrear vou pagar 30 dias depois’. Temos tudo gravado. Paga quando quer, é o dono da cidade”, contou o ex-gestor, relatando ‘clima de medo’ na cidade.

“Os funcionários fizeram um levante para pedir o pagamento do consignado. Ele prontamente deixou de pagar os dois sindicatos, dos Professores e dos Servidores. Fizeram um ato e deram a ele o título de persona non grata em Timbaúba”, disse.

Marinaldo Rosendo é uma figura tradicional do município. Atualmente, cumpre seu terceiro mandato à frente de Timbaúba, tendo passado o intervalo de quatro anos entre gestões como deputado federal. Enquanto esteve fora, Ulisses Felinto exerceu seu primeiro mandato, mas perdeu a tentativa de reeleição por uma diferença de aproximadamente três mil votos dentre pouco mais de 33 mil habitantes.

Felinto conta que quando assumiu a prefeitura em 2017, acreditava-se haver um débito de R$ 6 milhões aos cofres públicos, que se revelou um prejuízo de R$ 22 milhões. Em sua gestão, teria sanado as contas, rendendo à gestão o segundo lugar no Ranking de Qualidade de Gastos Públicos, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na categoria de "municípios entre 50 e 150 mil habitantes".“E deixei R$ 12 milhões em caixa que não consegui gastar, que a Câmara Municipal não deixou. Tinha dinheiro para fazer as obras mas não fazia”, acusou. O ex-gestor atribuiu a derrota nas eleições de 2020 à forte oposição feita pelos vereadores opositores.

“Quando organizamos o município, membros da Câmara dos Vereadores começaram a querer levar vantagem. Nós bloqueamos, e sofremos uma grande oposição. Em 2020 veio a Covid e a câmara era totalmente contra, travando tudo. E o povo muitas vezes não entende que um vereador pode prejudicar o município na intenção de me prejudicar”, disse.

Ulisses conta que sequer planejava retornar à vida pública após a derrota em outubro de 2020, mas foi convencido pelo ministro de Portos e Aeroportos do governo Lula, Silvio Costa Filho (Republicanos), seu amigo de longa data, a representar a sigla no pleito. O ministro chegou a marcar presença no seu palanque em lançamento da pré-candidatura. Hoje, Felinto está entre os principais nomes da oposição à Rosendo, tendo juntado chapas como o agora correligionário vice-prefeito Jacinto Ferreira Lima Neto, após racha com o prefeito.

“Ele já mandou o recado para mim que tem R$ 30 milhões para gastar na campanha. Digo a ele que dê logo ao povo, que está precisando”, disparou o pré-candidato do Republicanos.
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