Comissão de Direitos Humanos Ivan Moraes ganha apoio de movimentos. Michele Collins diz que sofre preconceito Os dois vereadores querem a presidência do colegiado que trata de temas polêmicos na Câmara do Recife. Com perfis completamente distintos, aguardam a decisão do presidente, Eduardo Marques (PSB)

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/01/2017 08:00 Atualizado em: 17/01/2017 22:08

Foto: Julio Jacobina e Alcione Ferreira/DP/Arquivos
Foto: Julio Jacobina e Alcione Ferreira/DP/Arquivos

Embora a vereadora Michele Collins (PP) conte com a proporcionalidade partidária na disputa pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Recife, o vereador Ivan Moraes (PSol) tem recebido apoio de movimentos sociais do setor na capital e no estado. A presidência do grupo para esta legislatura gerou uma disputa acirrada nos bastidores da Casa, já que Michele, ex-presidente da Comissão, pretende continuar no cargo, e a líder da oposição, Marília Arraes (PT), negocia para colocar Ivan Moraes na função. Depois da matéria publicada nessa terça-feira (17) pelo Diario de Pernambuco relatando a queda de braço, houve reação de entidades em prol de Ivan.

Pesa em favor dele ser integrante do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), que atua na área. Ivan Moraes trabalha há 15 anos no segmento e articulou por quatro anos o Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) em Pernambuco, ou seja, transita com facilidade entre as instituições do setor. A coordenadora-executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), a socióloga Edna Jatobá, entende que o histórico de Ivan na área faz dele candidato natural. “Além disso, a gente não pode admitir, enquanto sociedade civil organizada, que assuma uma mulher defensora de posições como submissão ao homem”, destacou.

Coordenador-executivo do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec) e um dos integrantes da coordenação colegiada do MNDH, Ricardo Oliveira ressaltou que o nome de Ivan “carrega todas as qualidades para o cargo”. Uma das coordenadoras do SOS Corpo, Silva Camuça é taxativa ao defender o nome do vereador do PSOL. “Não por questão partidária, mas sim pelo histórico, Ivan é o grande aliado na luta dos direitos de todas as pernambucanas e de todos os pernambucanos.”

Confira o que dizem os dois vereadores a respeito da disputa:

Ivan Moraes (PSol)
“Eu venho dos movimentos de direitos humanos, milito nessa área há 15 anos. Há 13 estou no Centro de Cultura. Tenho intimidade não só com o tema, mas com todos os grupos da sociedade civil que integram nessa área. Eles (os grupos) têm demonstrado insatisfação com a maneira como esse tema vem sendo tratado. Quando eu me candidatei, já havia um espaço, uma demanda. É natural que eu coloque meu nome, porque é de onde eu venho. A Câmara tem a ganhar com o diálogo que eu tenho com o setor. A Mesa Diretora é soberana em distribuir as vagas. Eu conto com o discernimento do presidente da Casa, Eduardo Marques (PSB). Por outro lado, também é muito importante que a oposição ocupe uma presisdência e esteja em todas as comissões, para fazer o bom debate.”

Michele Collins (PP)
“Também considero legítimo o meu pleito. Já entrei em contato com o partido e existe a decisão do PP de indicar meu nome para presidir uma comissão. A que tenho interesse é a de Direitos Humanos, para dar continuidade ao trabalho. Meu voto não decide tudo, é um colegiado. Há uma perseguição que eu sofro de um grupo pequeno de pessoas, além do preconceito por causa da minha religião, porque sou cristã. Outros vereadores falam, mas se for eu gera polêmica. Acho que as pessoas devem aprender a respeitar as diferenças. Ele (Ivan) está chegando agora. Quando conhecer melhor a Casa, vai perceber que essas críticas não têm fundamento, porque não vou decidir nada sozinha (presidindo a comissão). Também tenho o apoio de muitos movimentos. Fiz parte dessa comissão o mandato anterior inteiro e nunca tive problema, nunca engavetei nenhum projeto nem deixei de votar nada.

Vou continuar lutando pelo meu espaço, porque sou militante dessa área. Não posso presidir porque sou evangélica? Qual a diferença? O que se precisa observar é se tenho condições de conduzir o processo e eu tenho. Sou considerada uma pessoa conservadora. Sou mesmo, é o que eu acredito, o meu perfil. Defendo a família, a vida, tenho meus posicionamentos. Mas respeito o outro lado também, assim como quero ser respeitada. São 39 vereadores, cada um com sua posição. Eu represento um segmento de pessoas conservadoras. Sou conservadora, mas a comissão não precisa ser. É um espaço democrático onde se discute e se vota. Eu estou preparada para continuar trabalhando e fazendo um excelente trabalho."

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