Impeachment
Ruas pelo país se divididiram nas manifestações pró e contra o impeachment
Clima entre os manifestantes foi semelhante ao de grandes jogos de futebol
Publicado em: 18/04/2016 07:19 Atualizado em:
Foi parecido com o último chute para fora do gol do jogador italiano Roberto Baggio na Copa de 1994, quando a seleção brasileira ganhou o tetracampeonato. Mas as pessoas concentradas na Avenida Paulista, em São Paulo, muitas delas com camisas verde e amarelo da seleção de futebol, comemoravam o 342º voto favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Entre os que vibravam, alguns choraram, e muitos gritavam “fora, PT” assim que o último voto “sim” foi declarado. Até a batucada parecia com uma torcida organizada. Tinha caixa, surdo e tamborim no samba contra o impeachment.
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Mãos juntas e olhos fechados, a assessora de eventos Juliana Nascimento, 25, passou boa parte da votação orando. Da religião Batista, ela disse que “conversava com Deus” pelo país. “Queremos que o país e os brasileiros não se afoguem. O Temer não é a solução, mas o impeachment é para a gente respirar diante da situação. Depois do impeachment, deve ter uma limpeza geral”, disse.
Manifestantes em várias partes do país se dividiram em lamentos e comemorações. Entre os apoiadores da presidente, o sentimento era de frustração, mas a grande maioria ressaltava que ainda haverá luta. “Espero que a discussão no Senado seja sobre o mérito do processo, e não rasa como tem sido na Câmara”, afirmou a cientista política Ludmila Melo, 28, que acompanhou a votação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Assim como outros manifestantes, ela diz temer o fim dos programas sociais, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida.
“Tenho medo de perder o ProUni. Por causa dele consigo estudar. Acho que com a ruptura, o meu futuro e o dos meus filhos estará em jogo”, diz o estudante Claitom Ercílio, 18, que também acompanhou a votação com outros manifestantes em Brasília e é contrário ao impeachment da presidente.
Na Lapa, região central do Rio, manifestantes também lamentaram a derrota do governo e chegaram a deixar o local antes mesmo do término da votação. “Isso foi apenas uma batalha, iremos brigar até o final. Isso é um crime. Não podemos deixar a presidente sozinha, ela é inocente”, afirmou a professora Roseany Lopes, 55.
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