Mosquito Editorial: luta conjunta contra o Aedes aegypti O estado de emergência que vem de ser decretado vai ajudar todos os órgãos públicos a desenvolver ações nessa direção

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 01/12/2015 07:09 Atualizado em:

A decretação conjunta de estado de emergência por 180 dias pelo governador Paulo Câmara e pelo prefeito Geraldo Julio vai na direção correta da mobilização geral para combater os vetores da tragédia que se abate sobre a população. A evolução dos casos de microcefalia notificados infelizmente tem sido vertiginosa. Ontem o Ministério da Saúde atualizou os dados para 1.248 no território nacional, com incidências em PE (646), PB (248), RN (79), SE (77), Al (59), BA (37), CE (8), tendo já chegado em SP, RJ, MS, TO, GO e Brasília. Um total de 14 estados. 

Os especialistas acreditam que há subnotificação. Como Pernambuco notificou na frente e com melhores procedimentos, além de ter sido duramente atingido pelo zika vírus, as informações aqui chamam mais atenção. Diante da ausência de vacina ou sorologia, o único caminho é a mobilização geral para extirpar definitivamente os focos do mosquito. O estado de emergência que vem de ser decretado vai ajudar todos os órgãos públicos a desenvolver ações nessa direção. Corretamente as autoridades enfatizam que o assunto é sério demais para envolver somente as secretarias de Saúde. 

Por isso, todos os órgãos são chamados a dar a sua contribuição. A educação pode ajudar a conscientizar os estudantes a verificar em suas casas se há acumulação de água estagnada. As Forças Armadas podem montar forças-tarefas para percorrer as residências. Todos os locais de prestação de serviços públicos devem ter servidores sensibilizando os atendidos. Todos os agentes públicos precisam estar em alerta para as iniciativas de notificação, vigilância e assistência às vítimas. Os agentes de controle de endemia, que vão passar de 600 para 900 somente no Recife, devem liderar esse processo. Mas precisam contar com a ajuda de todos os demais servidores.

Espera-se que o estado de emergência incentive também as organizações da sociedade civil e os indivíduos a fazerem a sua parte. Os voluntários cadastrados em programas como o Transforma Recife e em outras iniciativas voluntárias, como as das igrejas e ONGs, também farão a diferença nessa guerra que já está em tempo de ser combatida por todos. Sejam as águas empoçadas em pneus ou jarros de planta e outros objetos, sejam os recipientes com água limpa armazenada para o dia a dia, todas essas fontes precisam ser diuturnamente combatidas pelos moradores em suas casas, ruas e locais de trabalho. 

Em curto espaço de tempo, o ministro da Saúde já esteve em Pernambuco duas vezes e ontem anunciou a liberação de R$ 25 milhões para o combate ao mosquito que já nos infelicitava com a dengue, a zika e a chikungunya. E agora com a microcefalia. O Diario tem feito a sua parte no esforço de informação e sensibilização de todos os seus leitores para os cuidados com a prevenção do mosquito. Mas também ajudando a preparar as mentes para lidar com o problema dos bebês com microcefalia e apoiar suas famílias nos cuidados especiais que eles vão necessitar. Na edição do último domingo, fez um itinerário dos casos já detectados de microcefalia, apontando os riscos dos pequenos municípios que têm menos estruturas de atendimento.

Faz-se necessário planejar as ações de assistência às famílias dos bebês atingidos, que vão precisar de uma vasta rede de apoio às suas necessidades especiais. Vão ser necessários mais médicos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas, fonoaudiólogos e outros profissionais nas redes de saúde pública. A mobilização geral tem que começar desde agora.


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